Objeto transicional: o que é e para que serve?

Objeto transicional: o que é e para que serve?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 21 de novembro de 2019

O que a Mônica e o Linus, amigo do Charlie Brown, têm em comum? Os dois personagens têm seus objetos transicionais. Esse nome, apesar de complicado, tem um significado fácil de entender. Muitas crianças pequenas adotam um objeto preferido – que pode ser um bicho de pelúcia, como o Sansão, um cobertorzinho, um boneco ou qualquer outra coisa – que levam para todo lado e não largam nem na hora de dormir.

O termo objeto transicional foi criado na década de 1960 por D. W. Winnicott, grande estudioso da infância. Sua função, de acordo com o pesquisador, é de representar a mãe (ou o cuidador principal) quando ela estiver ausente, trazendo o conforto que a criança precisa em momentos de angústia e ansiedade.

Os especialistas em desenvolvimento infantil consideram o objeto transicional algo positivo, pois ajuda o bebê a fazer a transição do eu com o mundo, sendo o primeiro vínculo, no nível mental, entre o interior e o exterior.

 

O conceito de objeto transicional

Nos seis primeiros meses de vida, o bebê, em um ambiente suficientemente bom – quando tem suas necessidades básicas atendidas (comida, calor, afeto) –, desenvolve uma sensação de onipotência. Isso porque o que ele deseja é providenciado pelo ambiente quase automaticamente.

Essa sensação que o bebê tem de criar no mundo aquilo que está em seus desejos é necessidade fundamental para que seja possível para ele viver relações satisfatórias com esse mundo e tolerar as futuras frustrações que inevitavelmente virão. É isso que permite que o bebê se sinta seguro para conhecer o mundo a sua volta e a si mesmo, suas possibilidades e limites.

O bebê que teve a experiência de ilusão bem-sucedida está pronto para uma gradual desilusão. É nesse momento que o ambiente suficientemente bom começa a apresentar falhas na realização de seus desejos (ex.: a mãe volta a trabalhar e não fica mais o tempo todo a seu lado). Entre a vivência da ilusão e da desilusão entram os objetos transicionais. Eles ocupam uma “área intermediária da experiência” e são importantes para amparar o bebê nesses momentos de angústia.

Assim, ele pode praticar o envolvimento com o mundo real, mas ainda com a comodidade de poder controlar o objeto, que é interpretado pelo bebê como pertencente a essa área intermediária da experiência, um híbrido entre o dentro e o fora, percebido como a materialização do cuidado materno.

O objeto transicional constitui a primeira posse não-eu, sobre a qual a criança tem um certo controle, mas que por outro lado está sujeito a falhas (o brinquedo pode cair no chão ou até se perder, por exemplo). É a transição entre a estado perfeito de ilusão para o de desilusão.

Também cria bases psíquicas para sustentar importantes experiências humanas, como o poder de elaborar brincadeiras, o desenvolvimento da apreciação das artes e das expressões culturais, já que é justamente no vínculo que se forma entre o mundo interior e o exterior que tais movimentos se tornam possíveis.

 

Quando essa fase termina?

Aos poucos, o indivíduo deixa de precisar de um objeto real para realizar sua transicionalidade. Não há uma idade fixa para a criança abandonar seu objeto transicional, e esse processo não precisa ser apressado pelos pais, o ideal é que seja um movimento natural, motivado pela própria criança.

 

                      

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