Competição na escola, como lidar?

Competição na escola, como lidar?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 11 de novembro de 2019

No mundo em que vivemos, a competição está em todo lugar: nas empresas, nas redes sociais e até dentro de casa. Não é de se espantar que as crianças de hoje também ajam assim: é a competição pelas versões raras de brinquedos – já caros na versão regular –, pelas notas na escola, pelo destaque no time de futebol.

Há crianças naturalmente mais competitivas que outras, mas se algum adulto de referência estimula esse comportamento, ele pode se tornar exagerado. Nas redes sociais, por exemplo, é comum vermos um “concurso velado de genialidade infantil”: são posts infinitos com vídeos de bebês que andam sem apoio, crianças pequenas cantando e dançando como profissionais, prints do boletim escolar do estudante aprovado antes do fim do ano letivo.

Esse tipo de atitude não legitima a capacidade da criança. Na verdade, para muitos pais possivelmente inseguros quanto a sua performance parental, pode haver uma necessidade de legitimação interna, como se só com a aprovação alheia pudessem ter certeza a respeito de estar no caminho certo da educação do próprio filho.

O “vestibulinho”

Um exemplo especialmente danoso de estímulo à competitividade são os “vestibulinhos”, como são conhecidas as provas classificatórias para ingresso no ensino fundamental. Esse tipo de avaliação era praxe até alguns anos atrás, mas uma determinação do Conselho Nacional de Educação de 2006 vetou a prática. No entanto, algumas escolas ainda promovem o vestibulinho com outra roupagem.

Para a criança que não é aprovada, essa situação gera muita angústia e sentimento de baixa autoestima. Já o aluno que passa na prova se entende como muito inteligente, mas fica inseguro pelo resto da infância, se sentindo cobrado a obter uma performance de acordo com o que esperam dele.

Prioridades da família

Aqui vale uma reflexão: Minha prioridade é um filho feliz ou cheio de medalhas? Afinal, as duas coisas nem sempre são compatíveis. O desenvolvimento pleno do ser humano saudável não se dá só com conhecimento cognitivo, mas inclui necessariamente o desenvolvimento emocional, comportamental e relacional.

Especialmente na infância, uma fase de maturação cerebral, é de suma importância ensinar não apenas matemática ou idiomas, mas sobretudo resiliência e cooperação. Assim, ao preparar pessoas para o mundo, estamos ao mesmo tempo preparando-as para o mercado de trabalho, para viver em sociedade e para se relacionar em família de forma harmônica e empática.

                      

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