Ansiedade de separação, o que é e como lidar?

Ansiedade de separação, o que é e como lidar?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 18 de fevereiro de 2020

Aquele bebê fofo que ia no colo de qualquer pessoa de repente começa a chorar desesperadamente quando a mãe sai, mesmo que seja por apenas um minuto. À medida que esse comportamento se repete, a mãe passa a achar que esse pode ser o indício de algum problema ou distúrbio, ou essa fase não vai passar nunca. Para piorar, logo aparece alguém dizendo que “a culpa é sua, que mima demais essa criança”.

De acordo com a teoria do apego, criada pelo psiquiatra e psicanalista John Bowlby, este comportamento é natural e tem até nome: angústia de separação ou ansiedade de separação. No artigo “O ingresso e adaptação de bebês e crianças pequenas à creche: alguns aspectos críticos”, Rapoport e Piccinini analisam:

O desenvolvimento do apego requer que a criança tenha a capacidade cognitiva de manter sua mãe na memória quando ela não está presente, capacidade esta desenvolvida na segunda metade do primeiro ano (Bowlby, 1989). […] Estas reações são vistas como uma resposta adaptativa fundamental (Bowlby, 1973/1993). Em geral, a angústia durante a ausência materna tem um pico em torno dos dezoito meses e começa a decrescer, até que aos três anos de idade a angústia de separação é menos observada (Weinraub & Lewis, 1977).”

Onipotência x frustração

No início da vida do bebê, ele desenvolve a sensação de onipotência, necessária à formação de sua psique. Ele tem a maioria de suas necessidades atendidas imediatamente – alimentação, sono, colo.

Com o passar do tempo, o bebê começa a experimentar a frustração, como por exemplo a separação da mãe, que voltou ao trabalho. De acordo com Winnicott, a frustração nessa fase – igualmente necessária ao desenvolvimento – ensina o bebê a encarar o mundo saudavelmente.

Para lidar melhor com a frustração, o pesquisador defende a utilização de objetos transicionais (bichos de pelúcia, paninhos), pois são uma fonte de segurança sobre a qual a criança tem controle.

A boa notícia: De acordo com Bowlby, a fase de ansiedade de separação passa naturalmente, da mesma forma que chegou, assim que a criança atinge maturidade neurológica para “manter sua mãe na memória quando ela não está presente”.


Enquanto isso não acontece, confira nossas orientações para lidar com a situação:

Não ignore o choro do bebê, rotulando-o como “birra” ou “manha”. Acolha os sentimentos de medo e angústia da criança com respeito e afeto;

Não se sinta culpada por ter que sair e deixar seu filho com outras pessoas. Você não está fazendo nada errado, este processo faz parte da vida. Quando precisar ou quiser sair, aja com firmeza. O bebê percebe quando há hesitação e, como defesa, reage a ela;

Sempre que possível deixe seu filho com pessoas que ele confia. Na creche, faça uma adaptação gradual, de modo que o bebê possa encontrá-la sempre que necessário nos primeiros dias;

Não saia de fininho. Pode parecer uma estratégia que vai evitar choro e estresse, mas na verdade pode aumentar a insegurança do bebê, que vai reagir ficando mais “grudado”, atento a cada movimento da mãe;

Converse e explique a seu filho para onde você vai, quanto tempo vai ficar fora, quem vai cuidar dele na sua ausência. Com a repetição da experiência ele vai aprender que você sempre volta.

Fonte:

O ingresso e adaptação de bebês e crianças pequenas à creche: alguns aspectos críticos”. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722001000100007

                      

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