Por: Marcia Belmiro | Educação | 24 de fevereiro de 2020
Quem nunca ouviu a frase: “o filho é meu, faço com ele o que eu quero”? Mas será que realmente os pais sempre sabem o que é o melhor para seus filhos?
Recentemente tem-se discutido a validade do conceito de relacionamento tóxico não só para relações amorosas, mas também entre pais (e mães) e filhos. Entende-se que há um relacionamento tóxico ou abusivo quando há características como ciúme excessivo, controle da vida do outro, invasão de privacidade, chantagem emocional e manipulação da autoestima.
Parentalidade tóxica
No relacionamento abusivo parental, é comum usar violência física e/ou emocional com o objetivo de ter autoridade sobre os filhos. No entanto, exigir isso se chama autoritarismo, que por sinal só gera consequências negativas – como medo e revolta nas crianças e adolescentes – em vez do respeito e da admiração desejados.
Da mesma forma que nos relacionamentos amorosos tóxicos, os pais abusivos comumente infligem maus-tratos com atos ou palavras aos filhos, sob a justificativa de que “estou fazendo isso para o seu bem, porque te amo”. Além da dor que o jovem sente, ele se desenvolve física e psiquicamente acreditando que violência e amor podem andar juntos – ou seja, futuramente esse jovem pode entrar em um namoro abusivo por entender que isso é normal e saudável.
Repetição de padrões antigos
Muitos pais de hoje foram educados à base de palmadas, castigos e humilhações. Quando têm filhos, essas pessoas sem perceber podem repetir os padrões destrutivos com os quais foram criados. Quando o filho faz uma birra ou questiona suas ordens, esses adultos têm o ímpeto de dizer, tal qual seus pais faziam, frases como “quem manda aqui sou eu”. No entanto, as consequências invariavelmente serão ruins.
Outra face de um relacionamento danoso para crianças e adolescentes é a educação permissiva. Quando os pais desejam proporcionar uma criação de liberdade, mas na prática não dão limites, os filhos se sentem ignorados, desprezados, e percebem isso como desamor e abandono. Na idade adulta, quando inevitavelmente passarem por frustrações, esses indivíduos podem não ter o suporte psicológico necessário para tal.
Sinais de alerta
Ao perceber que está agindo autoritariamente com seus filhos, pare, respire e reflita se você realmente deseja causar neles a angústia, a tristeza e a raiva que você mesmo sentiu em relação a seus pais. Não caia na armadilha do “apanhei e não morri”, pois entre o desenvolvimento saudável (com dificuldades, mas com amor) e a morte há muitas nuances. Ninguém tem filhos para simplesmente mantê-los vivos, mas para fazer o seu melhor, colaborando para o desenvolvimento integral desses indivíduos pelos quais se é responsável.
Por outro lado, se você com frequência fica em dúvida se deve dizer não ao filho, mesmo quando sente em seu coração que deveria fazê-lo; quando acaba concordando em fazer ou dar algo somente para não ter que lidar com o choro ou a insatisfação do jovem, é possível que esteja dando limites de menos, e aí vale a pena avaliar como alterar isso.
Lembre-se: Sempre é tempo de mudar o rumo da relação com seus filhos, independentemente de quantos anos eles tenham.