Como incentivar a gratidão nos filhos?

Como incentivar a gratidão nos filhos?

Por: Marcia Belmiro | Filhos | 28 de abril de 2020

De maneira geral, os pais se preocupam em formar filhos que sejam bons cidadãos, empáticos, preocupados com o bem-estar comum e que saibam valorizar o que têm. Mas, na prática, muitas vezes fazem isso de uma maneira ineficaz, com frases do tipo: “Você deveria ser grato! Sabe quantas pessoas não têm casa nem comida?” No entanto, ao ouvir esse tipo de coisa, a criança não se sente grata, mas culpada.

Outra crença comum entre os pais é que transmitir o valor da gratidão aos filhos se resume a ensinar as crianças a dizer “por favor” e “obrigado”. Essas expressões sem dúvida têm importância fundamental na vida em comunidade, mas dizem mais de uma polidez no trato social do que efetivamente de um incentivo à gratidão.

Descobertas científicas sobre a gratidão

A dra. Christine Carter, socióloga da Universidade de Berkeley na Califórnia, tem centrado seu trabalho na felicidade dos indivíduos. Ela analisa de 40% a 50% das emoções positivas que experimentamos são intencionais, e a gratidão é uma delas.

Quando esse sentimento de gratidão é verdadeiro – mesmo não sendo espontâneo, mas estimulado intencionalmente – a pessoa, em geral, se sente mais feliz, tem um nível maior de bem-estar físico e mental e uma vida mais próspera –, independentemente das circunstâncias externas. A dra. Christine defende, inclusive, que estimulemos a gratidão mesmo quando não nos sentimos felizes.

Outro ramo da ciência que estuda a gratidão é a psicologia positiva. De acordo com os estudos desses pesquisadores, o sentimento de gratidão gera uma predisposição a ter comportamentos mais positivos, o que interfere na melhoria dos relacionamentos de maneira geral.

Cada um a sua maneira, cientistas e líderes espirituais dizem basicamente a mesma coisa: É possível experimentar o sentimento de contentamento, independentemente de se estar ou não feliz: Estar disponível para viver o que há no momento presente, agradecer pelas oportunidades de melhorar como ser humano. O que não significa se acomodar, mas sim saber dar valor ao que você já tem em vez de ficar pensando no que lhe falta.


Gratidão na prática

Os filhos aprendem a ser gratos quando percebem este exemplo nos pais – ao reconhecerem as atitudes cotidianas dos pequenos, como colaborar para a limpeza e arrumação da casa. Mas também quando os pais dizem aos filhos frases como “obrigado por você ser meu filho”; “obrigado por fazer parte da minha vida”. A maioria dos pais e mães sabem o quanto se sentem gratos pela vida dos próprios filhos, mas poucos o expressam claramente, e já se sabe que verbalizar isso tem um impacto surpreendente na conexão familiar.

Quando fazemos exercícios de gratidão e os repetimos até que se tornem um hábito, passamos a ter uma percepção maior do que há de bom em nossas vidas. Isso reverbera tão profundamente que impacta em nossa evolução pessoal.

Há um exercício de gratidão individual bem interessante que funciona assim: Escreva diariamente, antes de dormir, três coisas que aconteceram naquele dia pelas quais você é grato (é importante que seja escrito).

Outro exercício simples e que pode ser feito por crianças e adultos é o potinho da gratidão. Para criá-lo, é só pegar um pote, de preferência transparente, e combinar de todos colocarem dentro dele algo pelo qual são gratos todos os dias (se no início for difícil de lembrar, podem botar alarmes no celular).

Depois, em momentos de dificuldade ou no fim do ano (a critério da família), todos juntos abrem o pote e desfrutam deste momento de lembrar de seus próprios motivos de gratidão e descobrir os motivos dos outros membros da família.

Fonte:

The Science of Happiness”. Disponível em: https://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=17717224

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