Por: Marcia Belmiro | Crianças | 13 de agosto de 2020
Na época do dia dos pais, multiplicam-se nas redes as hashtags #paidemenino e #paidemenina. Mas o que essas expressões significam, afinal? Fizemos essa pergunta a Caíque, pai de Liz e Mila, e a Victor, pai de Davi e Daniel. Caíque e Victor estão entre os ainda raros produtores de conteúdo brasileiros sobre paternidade, e em seus perfis na internet provocam reflexões sobre como desempenhar esse papel de modo ativo e consciente.
Confira os depoimentos que eles concederam ao Blog do ICIJ:
Caíque Santiago
“Quando estávamos esperando a Liz (hoje com 5 anos), confesso que tive medo de não ser um pai tão ativo e espontâneo. Imaginava que, como pai de menina, eu precisaria ser mais delicado e cuidadoso. À medida que ela foi crescendo, descobri que, na prática, eu brinco e cuido exatamente da mesma forma como eu faria com um garoto. O que determina a intensidade e o estilo de cada atividade é a personalidade e a etapa do desenvolvimento de cada criança.
Durante a segunda gravidez da Constance, escolhemos não saber o gênero até o nascimento, e foi uma surpresa maravilhosa conhecer a Mila (hoje com 14 meses). Fui abençoado com duas meninas extremamente molecas, divertidas e aventureiras. Para mim, o grande aprendizado é descobrir como ler os gostos e vontades delas, para ajudar a desenvolver quem ELAS são, não quem imaginamos que deveriam ser.
Meu grande desafio como pai de menina é desconstruir expectativas externas (que acabam vindo da família, colegas, escola…) em relação a como elas ‘devem’ ser ou se comportar. Me esforço bastante pra que elas cresçam conectadas com seus sentimentos, desejos e capacidades.”
“Sou pai de menino. De dois meninos: Daniel, de 7 anos, e Davi, de 4 anos. Como homem, percebo que ser pai de meninos em um mundo extremamente machista me traz uma responsabilidade ética no exercício da minha tarefa paternal.
A forma como esses dois futuros homens vão intervir no mundo, as relações sociais que eles manterão e as mensagens que transmitirão à sociedade estão intimamente conectadas com o que passo diariamente para eles. Não em forma de discursos, conselhos e palavras, mas através do meu comportamento, dos meus exemplos.
Todos nós temos muitos sonhos e esperança para o futuro dos nossos filhos. Queremos que eles sejam felizes, bem-sucedidos e saudáveis. Particularmente, quando olho para o futuro e penso nos meus filhos, almejo, antes de tudo, que eles sejam completamente eles mesmos. Que sejam autênticos e se reconheçam como cidadãos autônomos, conscientes e responsáveis.
Vejo dois homens bons, que serão coautores de um novo padrão masculino. Espero que eles vejam o machismo pelo retrovisor, que respeitem as mulheres, que valorizem e lutem pela diversidade, que tenham consciência de seus privilégios e que não pensem apenas em brilhar, mas principalmente em iluminar caminhos.”
Victor Ladeira, pai, contador de histórias e responsável pelo perfil @okazoolu