Adolescentes e seus ídolos: Quando isso é prejudicial?

Adolescentes e seus ídolos: Quando isso é prejudicial?

Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 23 de novembro de 2020

A adolescência é uma fase de intensidade em todos os sentidos, em grande parte provocada pelos hormônios em ebulição. Na prática, os indivíduos nessa etapa da vida comumente têm comportamentos hiperbólicos: ora amam muito algo que parece trivial aos olhos dos adultos, ora odeiam com todas as forças.

O mesmo acontece em relação às personalidades da música, do esporte, da televisão e da internet: os jovens demonstram uma admiração desmedida por pessoas que mal conhecem. Nessa situação, muitos pais se perguntam se isso é normal, ou até que ponto é inofensivo.

O devoção que alguns adolescentes desenvolvem por celebridades pode ser explicada por duas características tradicionais da adolescência: busca de referências fora da família, e também como uma tentativa de pertencer a um grupo (dos geeks, dos roqueiros, dos populares). Esse comportamento faz parte do processo de construção da identidade, e a tendência é que com o tempo diminua naturalmente.

Sob o olhar do adolescente, os ídolos são como “espelhos estruturantes” nos quais se reconhece refletido e a quem transfere o que entende como suas características ideais: beleza, rebeldia, glamour, inteligência, habilidade no esporte, sex appeal.


Qual o limite saudável?

Os especialistas no assunto analisam que a admiração exagerada a uma personalidade é comum e geralmente não apresenta qualquer perigo, exceto quando o adolescente realmente desenvolve um comportamento de idolatria, um fanatismo que atrapalha seus relacionamentos e o rendimento nos estudos (ex.: só se interessa em conversar sobre determinada pessoa, quer viajar para acompanhar sua carreira, passa dias na fila para um show, coloca-se em situações de perigo para chegar perto do ídolo).


Celebridade como produto

Na sociedade de consumo em que estamos inseridos, tudo é vendável. Assim, novos produtos relacionados aos ídolos adolescentes surgem continuamente: bonecos, discos, pôsteres, roupas e acessórios, e a própria celebridade muitas vezes é vista como produto pelo mercado.

Nesse sentido, os adolescentes, que ainda não têm o senso crítico plenamente desenvolvido, podem acreditar que se trata de um ser humano sem defeitos, que já acorda de maquiagem e sorrindo. É papel dos pais mostrar que “nem tudo que reluz é ouro”, e que pode ser que aquela pessoa não seja tão perfeita ou feliz quanto aparenta nas redes sociais.


Como os pais podem agir?

Os pais, mesmo que não entendam a fixação do filho por determinada celebridade, não precisam debochar dele nem ridicularizá-lo, tampouco adianta proibir que acompanhem a carreira do ídolo. Mas podem, ao contrário, buscar por meio do diálogo tentar entender o que move o filho, o que pode ser até uma forma de se aproximar mais dele.

Também é importante entender se o que atrai o jovem é algo que fere os princípios e valores da família (ex.: cantor acusado de bater na namorada, ator viciado em drogas, influencer que estimula atos de vandalismo), e, nesse caso, ter uma conversa franca dando o limite necessário ao filho.

Por outro lado, na busca por popularidade com o adolescente muito pais embarcam na onda, incentivando-o com muitos presentes relacionados ao ídolo e deixando que ele se dedique totalmente a isso. Aqui, encontrar o meio-termo, por meio do diálogo claro e aberto, é fundamental.

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