Por: Marcia Belmiro | Crianças | 20 de setembro de 2019
Dizer não aos filhos significa necessariamente ser autoritário? E o sim sempre quer dizer permissividade? Na sociedade polarizada em que vivemos, de pais e mães “bons” ou “maus”, parece que não existe o caminho do meio. Afinal, é possível dar limites sem gerar traumas no processo de educar?
Elisama Santos, autora de Comunicação não violenta, alerta sobre as expectativas dos pais: “O que esperamos que uma criança faça após ouvir um ‘não’? ‘Obrigada, mamãe, por cuidar de mim. Muito sensato da sua parte! Que supermãe você é!’ É claro que isso não irá acontecer.”
Então qual a solução?
Marcia Belmiro, criadora do método KidCoaching, frisa que é importante que os pais tenham clareza da razão para negar o pedido do filho. “Um não que é dito sem um motivo real gera confusão na criança sobre o que pode e o que não pode, e sobre quais são os valores da família. Por isso sugiro que sejam criados combinados e regras, que devem valer para crianças e adultos. Afinal, a maior parte do aprendizado ocorre pelo exemplo.”
O não com acolhimento
Dar limites é fundamental para o amadurecimento emocional das crianças. Quando os pais se sentem culpados por terem passado muitas horas fora de casa é comum que sejam mais condescendentes. “Não é necessário implantar uma rotina militar em casa, rígida e inflexível. Mas permitir algo que você sabe que não vai ser bom para seu filho só vai trazer problemas no futuro”, lembra Marcia. Ela aponta também que uma negativa não significa o prenúncio de uma briga: “O não deve ser enfático, mas carinhoso. Se os pais acolhem o sentimento do filho, é provável que ele aceite a situação mais facilmente.”
Não é hora de sermão
Neste momento de estresse da criança causado pela frustração, especialistas orientam os pais a dar explicações curtas, que podem ser compreendidas no momento de “looping emocional”. Algo como “sei que você queria muito ir à praia hoje, mas não é possível porque está chovendo” valida o sentimento da criança e deixa claro que o limite é irrevogável.
No caso de filhos pequenos, talvez seja mais produtivo distraí-los com algo que não tenha nada a ver com a situação, e assim ajudá-los a sair da crise momentânea. Depois, com a criança já mais calma, é preciso voltar ao ocorrido e, aí sim, conversar sobre o que aconteceu com calma e tranquilidade. Isso pode ser feito mesmo com filhos que ainda não têm fluência verbal.