Por: Marcia Belmiro | Crianças | 07 de janeiro de 2020
Cedo ou tarde, este pedido sempre acontece: “Mãe, posso ter um bichinho?”
Para quem vive uma rotina corrida, “equilibrando pratinhos” de contas a pagar, falta de tempo e todas as inúmeras demandas incluídas no pacote da maternidade, essa pergunta pode parecer totalmente despropositada. No entanto, vale a pena reconsiderar – não só pela alegria dos pequenos, mas pelos benefícios para toda a família de ter um animal de estimação.
O pediatra Daniel Becker analisa esses benefícios: “O contato com a natureza é importante para a criança ver que não vive sozinha no mundo e que depende dos outros seres, como as plantas e os animais, para viver.”
Os animais (seja cachorro, gato, tartaruga, porquinho da índia) têm importância afetiva para todos os indivíduos, crianças e adultos. Para os pequenos, os bichos são companheiros de brincadeiras e também de elaborações das questões infantis. O vínculo com um ser vivo não humano é importante pois melhora as relações das crianças com outras pessoas.
O contato com animais pode até ser terapêutico, especialmente no caso de autismo e outras atipicidades. Isso acontece porque há uma transição daquele relacionamento bem-sucedido – posto que é espontâneo, sem hierarquias ou obrigações – para os outros relacionamentos da vida daquela criança.
Todas as crianças se beneficiam com o convívio de um pet, pois tomam o animal como confidente e companheiro, e ainda aprendem a cuidar de outro ser – lembrando sempre que a responsabilidade principal dos cuidados (como idas ao veterinário e vacinações) é dos adultos.
Aprendendo a lidar com perdas
Os animais também auxiliam as crianças quando o assunto é finitude. Levando em conta que cães e gatos vivem entre 15 e 18 anos, em média, para muitas crianças a morte do bicho de estimação é a primeira perda significativa da vida.
No artigo “Convivência com animais de estimação: um estudo fenomenológico”, os autores citam Tatibana e Costa-Val (2009) ao afirmar que “crianças que convivem com animais de estimação se tornam mais afetivas, solidárias, sensíveis, com maior senso de responsabilidade, e compreendem melhor o ciclo vida-morte”.
Ao contrário do que muitos pais e mães pensam, apesar de triste esta é uma circunstância que leva a um grande aprendizado infantil, no sentido de mostrar aos pequenos que a morte é inevitável e intrínseca à vida, sendo algo natural.