Digital influencers e os adolescentes

Digital influencers e os adolescentes

Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 14 de janeiro de 2020

Foi-se o tempo em que os adolescentes eram majoritariamente influenciados pelos artistas do cinema ou das novelas. Hoje, esse lugar é de produtores de conteúdo virtual – especialmente em redes como YouTube, Instagram e TikTok – mais conhecidos como digital influencers. O fenômeno é mundial, e impacta especialmente os jovens (não por coincidência a maior parcela do público das redes sociais).

De acordo com economistas, o mercado de influenciadores digitais deve movimentar US$ 7 bilhões em 2020. Só para se ter uma ideia, os tiktokers mais famosos (produtores de conteúdo da rede TikTok, a mais baixada em 2019) cobram até U$S 1 milhão por um vídeo de 15 segundos. Essas postagens – chamadas de “publi” – têm alto poder de interferir na decisão de compra do público a que se dirigem.

“Plástica” de selfie

Outra mudança significativa é em relação à imagem corporal dos jovens. Nos últimos anos, cirurgiões plásticos passaram a receber clientes que levam para o consultório um printscreen de uma foto sua com um filtro que aumenta lábios, eleva sobrancelhas e apaga linhas de expressão. O objetivo é que os médicos tragam para a vida real o sonho da selfie perfeita, outrora só possível na realidade virtual.

Esse tipo de pedido, de tão comum, ganhou nome próprio: dismorfia de selfie ou dismorfia de Snapchat (em alusão à primeira rede social a disponibilizar filtros desse tipo). Diante do aumento desse distúrbio da própria imagem – em que a pessoa se vê com um grande problema corporal ou deformidade inexistente –, o Instagram proibiu o uso de filtros com efeito de plástica no fim do ano passado.

Estratégias de resistência

Na contramão desse ideal de perfeição inatingível, hoje há movimentos nas redes sociais como o body positive, que convida à autoaceitação e ao amor-próprio, para além das pressões estéticas vindas da sociedade.

Sabrina Oliveira, cocriadora do método Grow Coaching e do programa de formação TeenCoaching, orienta que os pais acompanhem de perto os hábitos de uso de redes sociais dos filhos:

“O adolescente pode ser uma presa fácil de digital influencers mal-intencionados. Neurologicamente ainda não há capacidade de discernir entre o que é genuíno e o que é manipulado. Vale convidar o filho a uma reflexão: ‘Ver um post do influenciador fulano de tal faz com que eu me sinta melhor ou pior?’ Se a resposta for negativa, talvez seja mais saudável bloquear essa pessoa”, analisa.

Eu-influencer

Com a popularização dos influenciadores digitais, muitos adolescentes almejam imitar seus ídolos e se tornar também influencers. Para os pais isso pode ser difícil de assimilar, pois há uma preocupação quanto ao nível de exposição dos filhos na internet.

“Aqui cabe aos adultos fazer um deslocamento geracional e entender que a distinção entre público e privado atualmente é bem diferente do que era há vinte anos. Como forma de proteger os jovens, é possível fazer combinados como postar assuntos mais pessoais somente para os amigos próximos, e pensar sempre qual o objetivo de um texto ou vídeo antes de publicá-lo, para evitar se arrepender depois”, orienta Sabrina.

Fonte:

“Mercado de influenciadores deve movimentar US$ 7 bi em 2020”. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/11/22/influenciadores-digitais-trabalho-faturamento-digital-influencer.htm?cmpid=copiaecola

“Aplicativo chinês de vídeos conquista jovens e cria novos influencers”. Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/aplicativo-chines-de-videos-conquista-jovens-cria-novos-influencers-23846762

“Síndrome da feiura imaginária: conheça a dismorfia corporal”. Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/sindrome-da-feiura-imaginaria-conheca-a-dismorfia-corporal/

Matérias Relacionadas

Sou mãe e quero empreender
Como você quer que seja seu 2020?
Neuroplasticidade, memória e atenção na escola