Elogio do chefe traz mesmo motivação para a equipe?

Elogio do chefe traz mesmo motivação para a equipe?

Por: Marcia Belmiro | Carreira | 30 de maio de 2020

A situação é comum nas empresas: funcionários reclamam que não são reconhecidos por seus chefes, e condicionam isso à falta de motivação que sentem. No entanto, estudos comprovam que, na verdade, a motivação é algo intrínseco, não extrínseco. Ou seja, não é o elogio feito pelo gestor que vai fazer alguém trabalhar mais feliz, mas a apropriação dos próprios talentos pelo funcionário. A isso o pesquisador Daniel Goleman chamou de automotivação.

Mas afinal, como os líderes podem colaborar para a criação de um ambiente motivador?

Goleman nos dá algumas pistas: “A principal função do líder é inspirar bons sentimentos em seus liderados. Isso ocorre quando o líder cria ressonância — um estoque de positividade que libera o que há de melhor nas pessoas. Em seu nível mais profundo, portanto, a missão primordial da liderança é emocional.” (Goleman et al., 2018)

Isso se relaciona diretamente ao termo “inteligência emocional”, cunhado pelo pesquisador, como sendo a “a capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos.” (Goleman, 2001) Ou seja, se você está motivado apenas para atingir os padrões estabelecidos por outra pessoa e não para sua própria satisfação, provavelmente não está de fato motivado.


A motivação efetiva

Marcia Belmiro analisa como isso se dá: “As pessoas têm uma tendência a esperar o reconhecimento externo, mas a motivação gerada pelo reconhecimento do gestor não se sustenta a longo prazo. O mesmo ocorre com gratificações materiais, como bônus ou presentes. A motivação efetiva é calcada no propósito do profissional em questão, no valor que este enxerga em sua contribuição para a empresa e para a sociedade em geral.”

Marcia explica que há elementos desmotivadores, como quando as expectativas do funcionário não são atendidas (ex.: a pessoa é contratada com a promessa de ser promovida em um determinado tempo, e isso não acontece), ou quando o salário não é suficiente para cobrir suas necessidades básicas. No entanto, quando esses requisitos são preenchidos, eles são encarados de forma neutra pelo profissional, não tendo função motivadora.

O que realmente funciona?

Para ter equipes com moral alto, engajadas, motivadas e satisfeitas com o trabalho que realizam, o líder deve gerar condições para o autorreconhecimento. Isso se dá quando no ambiente as pessoas se sentem livres para descobrir as próprias necessidades e para satisfazê-las. Ou seja, quando o ambiente é permissivo às ideias dos colaboradores e essas ideias são postas em prática, os demais funcionários reconhecem a qualidade disso, e como consequência a pessoa se automotiva”, explica Marcia.

Fontes:

O poder da inteligência emocional: Como liderar com sensibilidade e eficiência. Daniel Goleman, Richard Boyatzis e Annie Mckee. Ed. Objetiva, 2018.

Trabalhando com a inteligência emocional. Daniel Goleman. Ed. Objetiva, 2001.

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