Fake news na escola, como lidar?

Fake news na escola, como lidar?

Por: Marcia Belmiro | Educação | 05 de fevereiro de 2020

Quem nunca recebeu um áudio sobre uma grande descoberta científica improvável, e ficou em dúvida se era real? Na sociedade atual, em que produzir conteúdo digital é algo acessível a quase todos, é fundamental ter senso crítico para diferenciar realidade de mentira, perceber o que é fato e o que é boato.

Essas notícias falsas – mais conhecidas como fake news – têm gerado consequências alarmantes, como a volta de doenças já erradicadas. Um exemplo é que 67% dos brasileiros acreditam que algumas vacinas não são confiáveis (dado da Sociedade Brasileira de Imunizações), gerando um movimento antivacina.

Outras fake news que têm tomado grandes proporções – a despeito das evidências científicas – são de que a Terra é plana (compartilhada por 7% da população, segundo o Datafolha) e de não há aquecimento global (aceita por 15% dos brasileiros, ainda de acordo com o Datafolha).

Tipos de fake news

As notícias falsas preocupam até os estudiosos de grandes centros de pesquisa. A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, criou o projeto First Draft, de combate à desinformação on-line. Segundo o First Draft, existem sete tipos de notícias falsas:

1) Sátira ou paródia: sem o objetivo de enganar, são piadas que imitam o jeito de uma forma de notícia.

2) Conteúdo fabricado: conteúdo 100% falso, feito com o objetivo de enganar o leitor.

3) Conteúdo manipulado: quando imagens ou notícias são alteradas para passar mensagem diferente da original.

4) Conteúdo impostor: atribui dados falsos a uma fonte conhecida. Acontece quando são citados estudos ou pesquisas que não existem.

5) Contexto falso: imagens ou falas retiradas do contexto em que foram produzidas.

6) Conteúdo enganoso: quando dados reais são usados para levar a uma conclusão inadequada.

7) Conexão falsa: quando fotos, títulos ou legendas não estão de acordo com o conteúdo do texto (que pode até não conter erros).

As fake news na escola

As notícias falsas também preocupam os professores e gestores escolares. As crianças e adolescentes, como indivíduos em formação, precisam ser educados também para saber lidar com esse tipo de armadilha virtual.

A questão é tão importante que as fake news foram contempladas na BNCC, na habilidade EF09LP01: “Analisar o fenômeno da disseminação de notícias falsas nas redes sociais e desenvolver estratégias para reconhecê-las, a partir da verificação/avaliação do veículo, fonte, data e local da publicação, autoria, URL, da análise da formatação, da comparação de diferentes fontes, da consulta a sites de curadoria que atestam a fidedignidade do relato dos fatos e denunciam boatos etc.”

Algumas escolas já promovem o chamado letramento midiático, que significa desenvolver habilidades não só de acessar e criar conteúdo para a web, mas também de analisar e avaliar esse conteúdo. Essas instituições promovem momentos de análise de mídias com os alunos, estimulando seu senso crítico e pensamento científico – competências importantes para quase todas as situações ao longo da vida desses jovens.

Confira aqui algumas orientações e prepare seus alunos para combater as fake news:

– Não é porque uma informação está na internet, nas redes sociais ou no WhatsApp que é verdade. Para uma grande parcela da população, a credibilidade que a mídia impressa tinha foi ampliada para a web. Acontece que no mundo virtual tudo é mais facilmente manipulável. Além disso, uma mensagem de WhatsApp provavelmente não passou pela pesquisa de um repórter, como em um jornal ou portal de notícias;

– Há notícias falsas sofisticadas, produzidas com o auxílio de robôs que mimetizam o estilo de celebridades ou políticos, mas a maioria é criada de modo rudimentar: são mensagens vagas, alarmistas, sem citar fontes confiáveis, em geral com erros de português e pedidos de compartilhamento. Se perceber algum desses sinais, é possível que se trate de fake news;

– Se você receber um texto ou áudio com mensagem suspeita, desconfie, pesquise sobre a fonte e se os dados apresentados são verdadeiros;

– A regra de ouro é: não tem certeza, não compartilhe;

– Hoje já existem os chamados agências de fact checkers, especializadas na checagem de mensagens e notícias falsas. No Brasil, as mais conhecidas são:

https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/

https://aosfatos.org/

https://www.boatos.org/

– Para auxiliar os professores nessa missão, a MultiRio disponibiliza o jogo online Caô Digital, para alunos do 6º ao 9º ano. O game educativo dá dicas de como identificar boatos e notícias falsas na internet. Para jogá-lo, clique em http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/interaja/jogos-educativos/14409-ca%C3%B4-digital-apresenta%C3%A7%C3%A3o-e-comandos

Fonte:

“Cuidado com a fábrica de mentiras”. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11701/cuidado-com-a-fabrica-de-mentiras

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