Por: Marcia Belmiro | Crianças | 06 de janeiro de 2020
Chegou a hora do banho. E, de repente, uma atividade que teoricamente seria sinônimo de cheiro de sabonete e relaxamento ganha contornos de terceira guerra mundial. Enquanto ouve gritos de “banho nãoooo”, a mãe se questiona a) se é preciso mesmo tomar banho todo dia e b) quantos decibéis são necessários para estourar vidraças.
Essa situação é familiar? Calma, é possível manter as janelas no lugar e ter um filho limpinho.
Sabemos que a vida é corrida e as demandas são inúmeras, mas vale a pena romper a barreira da rigidez supostamente necessária ao papel de mãe e dar espaço para o bom humor e uma atitude lúdica.
É fácil? Não, mas você já deve ter percebido que o modo “fácil” não veio no pacote maternidade. Nesse caso, com o que você prefere gastar sua energia e seu (pouco) tempo? Com brigas desgastantes ou com brincadeiras?
Confira nossas orientações:
– Muitas crianças não gostam de tomar banho (ou escovar os dentes, ou almoçar) porque isso significa ter que parar de brincar. Em vez de chamar para tomar banho, que tal chamar seu filho para lavar os dinossauros ou a roupa das bonecas? Assim, a brincadeira continua no chuveiro!
– Não tome a negativa de tomar banho como um ataque pessoal a sua autoridade. A infância é uma fase de construção do eu. Assim, negar algo que deixa os pais evidentemente irritados pode ser uma espécie de teste dos limites possíveis (não estamos falando de birra nem de desafio à autoridade dos adultos por pura maldade da criança, mas simplesmente de descobrir as regras do mundo na base da tentativa e erro, o modus operandi padrão infantil).
– Dar opções pré-determinadas pode ser uma boa alternativa. Por exemplo: “Você quer tomar banho antes ou depois de assistir ao desenho?” Assim, a criança se sente participando das decisões da própria vida, mas faz isso de acordo com a logística possível para os pais.
– Ter rotinas é importante, pois assim a criança pode se organizar em seu mundinho. Se o combinado é chegar da escola, brincar, tomar banho e jantar, quando estiver quase no horário do banho vale a pena lembrar seu filho da próxima atividade, por exemplo: “Daqui a dez minutos você vai para o chuveiro, até lá pode brincar à vontade.”
– Evite fazer barganhas, dar prêmios ou aplicar sanções. Caso contrário, o banho será interpretado como um castigo ou uma atividade a cumprir apenas para ganhar algo. O ideal é ajudar a criança a perceber, mesmo que seja pequena, que o banho pode ser divertido, além de necessário para a higiene, e que essa é uma das formas de cuidar de si mesmo e de sua saúde.
– Não ridicularize nem humilhe seu filho, especialmente na frente dos outros, dando apelidos como “Cascão”. Esse tipo de “profecia” é autorrealizável, a criança pode “vestir a carapuça” e assumir que simplesmente não vai mais tomar banho.
Aos poucos, é interessante ir aumentando a autonomia da criança, o que faz parte do amadurecimento do indivíduo. Mas até o fim da infância pode ser necessário supervisionar se as rotinas de higiene estão sendo seguidas direitinho. Afinal, é só na adolescência que há maturidade suficiente para fazer a passagem da fase de ser cuidado para a de cuidar de si.