Meu filho não se anima ao ir para a escola, o que fazer?
Por: Marcia Belmiro | Crianças | 02 de março de 2020
Na maioria das escolas do país, o ano letivo já começou há algumas semanas. No entanto, mesmo depois do período de adaptação padrão algumas crianças continuam se recusando a ir para a escola, demonstrando insegurança e resistência.
Diante disso, as mães podem não saber como agir: Forçar o filho a ir para a aula, e deixá-lo chorando na porta se preciso for? Entender a dificuldade da criança e permitir que ela falte alguns dias, afinal o ano acabou de começar? Assumir que há algo de errado com a escola, e marcar uma reunião de urgência com a diretoria?
A importância do diálogo
Em primeiro lugar, ouça o que seu filho tem a dizer. Por meio de boas perguntas – feitas com curiosidade genuína, não em tom de tirar satisfação –, é possível entender o que se passa com a criança.
Em relação à escola, todos ganham se houver parceria, em vez de acusações. Vale a pena marcar uma conversa com o professor ou orientador pedagógico e, a partir daí, família e instituição firmarem um compromisso de trabalhar juntas para que haja uma adaptação bem-sucedida do aluno.
Quando tiramos conclusões baseadas em nossas impressões e preconceitos, ou ainda, em nossa própria experiência na infância, há uma grande chance de fazer um diagnóstico errado, e até tornar a questão mais grave do que realmente é.
Qual o problema com “você tem que…”?
Uma atitude muito comum entre os pais é argumentar com frases do tipo: “Eu faço coisas de que não gosto, você tem que fazer também.” O problema desse raciocínio é que só reforça que a escola é ruim, como se fosse um obstáculo a ser superado.
Aqui pode ajudar muito alterar esse mindset de luta e dificuldade, de que é preciso sofrer durante cinco dias para ser feliz no fim de semana; ou pior, se sacrificar o ano todo para experimentar momentos de alegria só nas férias.
Quando, ao contrário, os pais ajudam as crianças a ver a beleza na caminhada, e não apenas no fim da linha, com presença plena e satisfação – que é independente de a pessoa estar ou não feliz o tempo todo –, as dificuldades e os obstáculos naturais do processo de aprendizado podem ser vistos de maneira positiva.
Esse exercício de mostrar a seu filho o valor das descobertas intelectuais e sociais proporcionadas pelo convívio na escola pode ser um bom caminho. Mas importante: sem deslegitimar o sentimento de insatisfação da criança, que é real e genuíno.
Suporte emocional dos pais
Caso seu filho expresse que gostaria de ficar de férias para sempre, por exemplo, ajude ele a lembrar que nas férias aconteceram coisas bem legais, claro, mas que também houve momentos ruins (o ar-condicionado quebrou em um dia de muito calor, não conseguimos ingressos para a sessão de cinema etc.). O mesmo acontece na escola: há situações incríveis, que marcam a vida toda do indivíduo, e outras tristes ou frustrantes, e tudo isso faz parte da vida.
Quando os adultos ajudam a criança a fazer essa relativização, ela pode alcançar um entendimento mais amplo da situação, algo que não conseguia fazer sozinha, e a partir daí enxergar a escola e tudo que a envolve de uma forma mais positiva.
Também pode ajudar muito uma pergunta simples: “Meu filho, como posso te ajudar para sua rotina na escola ser melhor?” Quando a criança ouve isso, se sente acolhida. Por meio de combinados baseados na autorresponsabilidade, há grandes chances de que assim, com o suporte dos pais amorosos e da escola parceira, esse aluno possa seguir melhor e mais confiante em sua jornada de aprendizado.