Meu filho pequeno ainda não fala, preciso me preocupar?

Meu filho pequeno ainda não fala, preciso me preocupar?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 14 de dezembro de 2020

Aos 2 anos a filha da vizinha já canta o hino nacional e seu filho, da mesma idade, ainda fala palavras soltas, que nem sempre são compreendidas pelos adultos? Quando esse tipo de situação acontece, muitos pais ficam ansiosos, apreensivos e se perguntam: “Isso é normal?” No outro extremo, os pais que se pautam exclusivamente pela máxima de que “cada criança tem o seu tempo” podem estar, sem querer, negligenciando o filho.

No artigo “Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso”, Mousinho et al. analisam os fatores que podem interferir no processo de fala da criança. Entre eles estão o atraso simples de linguagem, desvio fonológico, distúrbio específico de linguagem, alterações na fluência e alterações semântico-pragmáticas – dificuldades que, se não avaliadas e tratadas por um profissional especializado, podem trazer prejuízos à aprendizagem escolar.

Questão multifatorial

Neste trabalho as pesquisadoras afirmam que o desenvolvimento normal ou tardio da fala, assim como o da maioria das habilidades humanas, não é determinado apenas por fatores congênitos, tendo muita influência do contexto cultural em que o indivíduo se encontra, como por exemplo a quantidade e qualidade dos estímulos a que é exposto, especialmente na infância. Outros fatores que podem interferir na aquisição da fala são uso de chupeta prolongado, respiração oral, alergias respiratórias e alimentares, problemas sensoriais e auditivos, e prematuridade.

De modo geral, aos 2 anos a criança aprende a formar as primeiras frases. Aos 3, fala frases completas, e entre 4 e 5 anos desenvolve o domínio sobre a fala, sendo capaz de expressar qualquer fonema. Quando isso não acontece, é um sinal de que é preciso ter atenção. A boa notícia é que, caso não sejam identificadas síndromes ou patologias (ex.: transtorno do espectro autista), o mais comum é que o atraso na fala seja um problema transitório.

Mousinho et al. analisam que quando algum tipo de atraso ou distúrbio é diagnosticado, o ideal é que seja tratado precocemente (até o 5 anos de idade), antes da entrada no ensino formal, quando as demandas são maiores e também maior será o tempo a ser resgatado.

O papel do comportamento

Marcia Belmiro aborda essa questão sob o ponto de vista comportamental: “Desde bebê o indivíduo começa a captar a comunicação verbal e gestual dos adultos a sua volta.

Primeiro tem início a compreensão desse signos, e só depois vem a fala, que começa com balbucios, vai para as palavras soltas e por fim chega às frases completas.”

De acordo com Marcia aqui reside um fator importante para que haja atraso na fala: “Quando os pais poupam a criança do esforço de colocar em palavras a mensagem que quer transmitir, mesmo com as melhores intenções, podem estar prejudicando o pequeno. Isso acontece porque o cérebro sempre busca maneiras de economizar energia.” Nesse caso, Marcia orienta, quando a criança apontar para o brinquedo, em vez de dizer a ela: “Você quer o carrinho? Aqui está”, os pais podem esperar que o pequeno diga, estimulando-o com frases do tipo: “O que você quer? Lembra o nome desse brinquedo?”

Fonte:

Aquisição e desenvolvimento da linguagem: dificuldades que podem surgir neste percurso”. Disponível em:

http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/310/aquisicao-e-desenvolvimento-da-linguagem–dificuldades-que-podem-surgir-neste-percurso#:~:text=Aquisi%C3%A7%C3%A3o%20e%20desenvolvimento%20da%20linguagem%3A%20dificuldades%20que%20podem%20surgir%20neste%20percurso,-Renata%20Mousinho1&text=A%20aquisi%C3%A7%C3%A3o%20da%20forma%2C%20conte%C3%BAdo,que%20podem%20interferir%20neste%20curso.

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