Cinco frases comuns que não devem ser ditas a uma criança

Cinco frases comuns que não devem ser ditas a uma criança

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 30 de julho de 2019

“Você só faz besteira.” (e variantes como: “Você não vai conseguir.”; “Você é desastrado.”)

Esse tipo de frase, especialmente quando é dita pelos cuidadores principais (em geral mães e pais) tem um peso enorme. A criança necessita da validação externa para criar sua autoimagem. Os adultos, ao dizer coisas assim, demonstram que dão mais atenção às atitudes erradas do que às certas. Como a criança busca atenção continuamente, pode acreditar que qualquer atenção é melhor que atenção nenhuma e passar a agir mal de propósito. Quando seu filho derrubar algo, que tal dizer: “Tudo bem, vamos limpar a sujeira juntos. Da próxima vez tenho certeza de que você pode levar seu copo até a mesa sem acidentes.”

“Por que você não é responsável como seu irmão?”

Ao dizer isso, o adulto não atinge o objetivo de estimular o filho a se esforçar para ser melhor, ao contrário: a frase causa ciúmes, inveja e sentimento de inadequação. Adele Faber e Elaine Mazlish, autoras de Irmãos sem rivalidade, chamam a atenção para outro aspecto: os prejuízos causados pelos rótulos. “Sentir que o irmão é o preferido dos pais gera raiva e dor, que muitas vezes se prolongam pelo resto da vida. Ser alvo de comparações na esfera familiar traz mágoas e pode fazer com que a pessoa seja constantemente associada a um papel fixo. Livrar-se desse rótulo requer muito esforço.” Elas vão além, e afirmam que qualquer rótulo é ruim (mesmo que seja “elogioso”, como “você é bonzinho”, “você não me dá trabalho nenhum”).

“Não chore.” (e variantes como: “Isso não tem importância.”; “Está tudo bem.”; “Não é para tanto.”; “Chorando assim você parece um bebê.”)

Quando a criança se chateia “sem motivo” (isto é, quando os adultos não compreendem o motivo), os pais têm tendência a dizer esse tipo de frase com o intuito de acalmar o filho. No entanto, o resultado é que isso confunde a criança, fazendo-a pensar que o que sente não é real.

“Se não comer tudo, vai ficar sem sobremesa.”
É normal que os pais se preocupem com a alimentação dos filhos, pois, em última análise, se trata da sobrevivência da criança. No entanto, a obrigatoriedade de “raspar o prato” ensina à criança que sua autorregulação de saciedade é falha. E mais: que a refeição é a parte ruim, o obstáculo a ser enfrentado para chegar à recompensa (a sobremesa). Uma opção é substituir esta frase por: “Entendo que você queira comer doce, mas em nossa casa a alimentação segue uma ordem, e a refeição vem antes da sobremesa.”

“Na sua idade, eu…” (ou “No meu tempo…”)

Sabe aquela história de que tudo passa? Pois bem, seu tempo de criança já passou. Talvez por isso você tenha esquecido que naquela época os alunos obedeciam aos professores, mas que estes aplicavam castigos físicos para obter “respeito”. Os tempos hoje são outros, e seu filho não é você. Usar a própria régua para medir o outro invariavelmente gera frustração em ambas as partes.

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