Dar mesada aos adolescentes ajuda ou atrapalha?

Dar mesada aos adolescentes ajuda ou atrapalha?

Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 15 de outubro de 2019

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) divulgada este ano informa que 93% dos brasileiros nunca receberam lições sobre como cuidar do dinheiro – seja em casa, seja na escola. A maioria dos especialistas em finanças sugere que dar mesada aos filhos adolescentes é uma forma de contribuir para sua educação financeira. Eles ressalvam, no entanto, que o aprendizado por meio de conversas e da observação do comportamento dos adultos é tão importante quanto, sendo indispensáveis.

A mesada que educa

“A mesada é uma oportunidade que os pais dão de os filhos cuidarem de uma pequena parte do orçamento familiar. Há uma ideia de que finanças são assunto de adulto, mas não. É preciso conversar, explicar e discutir com os filhos o porquê da mesada e como utilizá-la, para que eles tenham referências para começar a tomar suas decisões financeiras”, alerta Gustavo Cerbasi, consultor financeiro e autor de livros como Pais inteligentes enriquecem seus filhos.

Outro erro comum é os pais acreditarem que o diálogo sobre finanças com os filhos deve ser centrado no conceito de sacrifício. Usa-se muito frases como “não podemos jantar fora”, “não temos dinheiro para mudar para um apartamento melhor”, quando na verdade é uma questão de escolhas. A autorresponsabilidade é a palavra-chave aqui. Essas frases poderiam ser substituídas por “escolhemos não comer fora este mês para ter mais dinheiro para nos divertirmos nas férias” ou “escolhemos morar em um apartamento pequeno para pagar uma escola melhor”. Essas escolhas refletem os valores da família (como a importância do divertimento e de uma boa educação, por exemplo).

É importante também falar sobre abrir mão de recompensas imediatas para conquistar algo que se deseja no futuro. Esse ponto costuma encontrar resistência dos adolescentes da geração Z, que têm como características a busca constante pelo prazer e o imediatismo, sendo por isso mesmo fundamental abordá-lo – estimulando o controle de gastos e a criação de uma poupança (no banco ou em casa) para realizar sonhos maiores.

Como todos os combinados feitos com os filhos, o motivo para dar ou não mesada deve ser claro, embasado na maturidade do adolescente e nas condições financeiras da família. Sendo um combinado, as regras da mesada precisam ser claras, como o valor e a data do pagamento. Assim, o jovem poderá fazer planejamentos futuros de acordo com suas possibilidades – outro aprendizado importante para a vida adulta.

A mesada que deseduca

Em alguns casos a mesada pode ser prejudicial: quando é usada como moeda de troca – por bom comportamento, boas notas ou por realizar tarefas como arrumar o próprio quarto, ou seja, responsabilidades básicas do adolescente.

A mesada também atrapalha o desenvolvimento do jovem quando se prolonga além do tempo razoável, comprometendo a aquisição de sua autonomia. Os consultores financeiros sugerem que seja feita uma avaliação pelos pais sobre em que momento os filhos já podem trabalhar para pagar as próprias despesas e comprar o que necessitam e desejam, um marco importante da transição da fase de ser cuidado para a de cuidar de si.

Fontes:

“Quer economizar? Veja estratégias para começar na infância, na adolescência e na vida adulta”. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/dicas-de-economia/noticia/2019/07/quer-economizar-veja-estrategias-para-comecar-na-infancia-na-adolescencia-e-na-vida-adulta-cjxz5xjcn00wm01rv5pw1ifep.html

“Mesada para os filhos: você sabe como usá-la?”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NpzueaiXkYY

                      






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