Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 21 de outubro de 2019
Uma pesquisa recente do IBGE revelou que, no estado de São Paulo, 17,5% dos adolescentes se sentem completamente sozinhos, 11% sofrem de insônia por causa de problemas familiares e solidão, e 5% não têm amigos. Outro estudo, de 2018, mostrou que os jovens adultos de 18 a 22 anos são a faixa etária mais solitária nos Estados Unidos, mais desconectados e isolados até que os idosos nesse país.
O comportamento recluso em adolescentes pode ser relacionado a diversos fatores, e não necessariamente deve causar preocupação nos pais. Há indivíduos de personalidade naturalmente introvertida desde a infância, pessoas que se sentem felizes e satisfeitas em casa, lendo um livro ou brincando com o animal de estimação.
Há outros casos em que o jovem de repente mudou seu comportamento, antes comunicativo e sociável, agora recluso e apático. A questão aí é: Meu filho parece genuinamente feliz? Percebo que ele encontra prazer em sua rotina? Ele tem interesses próprios e busca momentos de diversão? Se a resposta a essas perguntas for não, algo pode estar errado. Talvez ele esteja sofrendo bullying ou sendo excluído do grupo, e isso o esteja abalando emocionalmente. Nesse caso, pode ser necessário buscar ajuda de um profissional de saúde, como psicólogo ou psiquiatra.
Como saber se há um problema?
Existem ainda adolescentes tão imersos no próprio mundo que fica até difícil saber se há alguma questão a ser cuidada. No artigo “O barulho inaudível: adolescência, tédio e retraimento”, Cesar e Figueiredo analisam esse tipo de comportamento: “Se o isolamento é uma necessidade para todos, para os adolescentes ganha maior importância, pois é parte essencial de sua busca de uma identidade e ‘para o estabelecimento de uma técnica pessoal de comunicação que não leva à violação de seu self central’, como afirma Winnicott (1963/1983, p. 173).”
Nesses casos, os pais podem intervir – sem julgamentos nem sermões. Demonstrando interesse genuíno pelos sentimentos do adolescente, uma abordagem coaching pode ser muito útil.
No e-book Distanciamento familiar, integrante do programa de formação TeenCoaching, há um passo a passo que pode ajudar a dar início a essa reconexão (reproduzimos a seguir):
– Falar das suas necessidades (“quero conversar com você”, “respeito suas necessidades e em alguns momentos quero saber o que você tem pensado e do que precisa”, “você é muito importante para mim e gostaria de estar perto”);
– Perguntar (“o que nós podemos fazer para rir juntos, conversar, para eu saber o que você pensa, sente, o que você quer?”);
– Identificar o que vai gerar conexão na sua casa, para sua realidade;
– Perceber o que vai gerar para o adolescente um entusiasmo genuíno e um senso de pertencimento a essa família.
O que fazer em caso de vício em internet
Na geração de adolescentes da atualidade, há um aumento significativo de casos em que a relação com as redes virtuais deixa de ser saudável, substituindo a vida real. Nesses casos, cabe ao TeenCoach, aos professores e pais ajudar o jovem a descobrir outras maneiras de obtenção de satisfação e prazer, e em muitos casos auxiliar na sua reintegração e ressocialização ao mundo real — principalmente ajudando-os a lidar com os inevitáveis impasses que se apresentam nas relações off-line, que não podem ser dissipadas com um sumário clique, mas antes discutidas, o que requer posicionamento e firmeza/segurança interna, além de autossustentação emocional e resistência natural às frustrações advindas do convívio humano.