Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 06 de dezembro de 2019
Que a prática de esportes melhora o condicionamento físico e a saúde do corpo em geral todo mundo sabe. Mas no caso dos adolescentes esse hábito tem benefícios específicos, de importância fundamental não só para o corpo, mas para a mente, podendo impactar de maneira positiva até no desempenho acadêmico, de acordo com pesquisas recentes.
Falar sobre esse assunto tem relevância especialmente no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD) divulgada em 2017 pelo IBGE, 62,1% da população brasileira com 15 anos ou mais é sedentária. Com apenas 150 minutos semanais de atividade física leve ou moderada (cerca de 20 minutos por dia) já é possível ter benefícios, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Por que praticar esportes na adolescência?
A adolescência é marcada por alterações hormonais, picos de crescimento, além de ser uma fase essencialmente de individuação da personalidade. Nesse contexto, o esporte auxilia promovendo integração social – especialmente aqueles em conjunto, como futebol, vôlei e basquete –, aumento do autocontrole, da perseverança, da disciplina e da coragem. Neurologicamente falando, gera endorfina e serotonina, hormônios que trazem bem-estar, e oxigena o cérebro, ao mesmo tempo que propicia a criação de novas sinapses.
Sabrina Oliveira, cocriadora do método Grow Coaching e do programa de formação TeenCoaching, inclui mais um item a essa lista já extensa de vantagens: “A rotina da prática de esportes ajuda a potencializar o que o estudioso da psicologia positiva Martin Seligman chamou de forças de caráter – características que contribuem para o desenvolvimento do indivíduo como um todo. Nesse caso, podemos citar a criatividade, a perseverança, a vitalidade, o trabalho em equipe e a humildade. Isso significa que seu impacto será sentido a curto, médio e longo prazos”.
O papel da família
No artigo “Fatores associados ao comportamento em relação ao nível de atividade física de adolescentes e pais com alto nível socioeconômico”, Rica et al trazem um dado interessante: na amostra estudada, os adolescentes (todos estudantes da área metropolitana de São Paulo) ficam mais tempo sentados que seus pais (que de maneira geral trabalham sentados).
Os pesquisadores analisam que: “Como fator social, a família é um dos maiores influenciadores para a realização de atividade física na adolescência, podendo colaborar com o aumento do nível de atividade física na vida diária, além de incentivar a redução de tempo em atividades sedentárias. Ainda a família pode incentivar a prática de atividade física no tempo de lazer, permitindo que a família esteja junta em atividades ao ar livre, jogando, brincando, correndo, dentre outras, aumentando a interação entre seus membros.”
Há casos em que os pais, com receio de que o esporte atrapalhe nos estudos, proíbem a prática do filho, ou então usam o esporte como “moeda de troca”, do tipo “se tirar nota baixa, vai ficar um mês sem jogar futebol”. Esse tipo de atitude em geral não motiva o adolescente a estudar mais – ao contrário, ele passa a ver as aulas não como oportunidade de adquirir conhecimento, mas como uma obrigação (ou seja, algo negativo) para atingir o que deseja.
Se as atividades forem bem administradas, com a organização em conjunto de um cronograma de estudos que contemple as necessidades e os desejos do jovem, é possível a convivência harmônica de livros e halteres, trazendo benefícios a toda a família.