Por: Marcia Belmiro | Educação | 07 de fevereiro de 2020
Ao longo dos tempos, os estudiosos vêm pesquisando como ocorre o aprendizado. Por exemplo, para Maria Montessori a independência é um dos conceitos mais importantes, pois as crianças seriam capazes de aprender sozinhas. Já Lev Vygotsky defende que o indivíduo se constitui na interação com o meio em que está inserido, não só internalizando as formas culturais que recebe, mas também intervindo nelas e as transformando em seu processo de desenvolvimento.
A este conceito Vygotsky deu o nome de sociointeracionismo. De acordo com essa teoria, o funcionamento psicológico tem como base as relações sociais, dentro de um contexto histórico, mas levando em conta que o aprendizado acontece de forma ativa, de maneira que o conhecimento é construído tendo como protagonista o indivíduo (inclusive no caso de este ser uma criança).
A interdependência
Como Vygotsky enfatiza o processo sócio-histórico, o aprendizado inclui a interdependência entre indivíduos, ou seja, a relação entre quem ensina e quem aprende (no caso, o adulto ou um “companheiro mais capaz”, como chama Vygotsky). Por “companheiro mais capaz” o pesquisador se refere a outra criança, colega da primeira, mas que por algum motivo já dominou determinada habilidade que aquela ainda não alcançou. Ao tratar as crianças dessa forma, Vygotsky conferia a elas status de sujeitos, algo revolucionário em sua época.
A ZDP
A zona de desenvolvimento proximal, ou ZDP, é um conceito fundamental para Vygotsky, e se situa entre a zona de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento potencial.
No artigo “Breve estudo sobre Lev Vygotsky e o sociointeracionismo”, Priscila Romero cita Stadler e Magalhães para explicar esse processo: “A zona de desenvolvimento real refere-se à etapa em que a criança soluciona os problemas de forma independente, sem ajuda; a zona de desenvolvimento potencial refere-se à etapa em que a criança está pronta para compreensão de problemas mais complexos, mas ainda necessitando da ajuda de um mediador. A zona de desenvolvimento proximal é uma metáfora criada para explicar como ocorre a aprendizagem. É a distância entre o nível real e nível potencial da criança.”
No livro Teorias da aprendizagem, Valéria da Hora Bessa explica que a ZDP é um melhor indicativo do desenvolvimento mental do que a zona de desenvolvimento real, e que a ZDP é “um domínio em constante transformação, uma vez que a criança que faz algo com a ajuda de alguém hoje, poderá, em pouco tempo, estar realizando sozinha a mesma tarefa”.
Bessa completa: “Desse modo, a escola teria então como função o desenvolvimento de aberturas para a construção de zonas de desenvolvimento proximal da criança, na qual a intervenção do educador é um processo pedagógico que objetiva o alcance de avanços que não ocorreriam espontaneamente.”
A mediação
Este é outro conceito central da obra de Vygotsky. Ele entende que a mediação é a intervenção de um elemento intermediário em uma relação.
Priscila Romero cita Libâneo quando diz que “a característica mais importante da atividade profissional do professor é a mediação entre o aluno e a sociedade”, posto que o professor “prepara o aluno para que este possa fazer uma relação do que já conhece (sua origem) com o que virá a conhecer (o que o meio tem a lhe oferecer)”.