Meu filho adolescente mente, o que fazer?

Meu filho adolescente mente, o que fazer?

Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 03 de julho de 2020

É comum que pais de adolescentes se mostrem preocupados quando percebem alguma mentira do filho. Como nessa fase da vida o indivíduo já tem certa autonomia, a pergunta “e o que mais nós não sabemos?” fica martelando na cabeça, em geral imaginando os piores cenários possíveis.

Antes de dar como certo que seu filho é um mentiroso compulsivo, ou que tem algo muito sério a esconder, vamos analisar a situação à luz da ciência. A adolescência tem alguma características específicas. Entre elas, uma grande necessidade de buscar o novo, o aumento da intensidade emocional e a dificuldade de lidar com a frustração.

E o que isso tem a ver com a mentira? De modo geral, o adolescente mente por medo de sofrer algum castigo, para preservar o que entende como sua privacidade, para conquistar e manter liberdade e independência, e para não decepcionar os pais. No cérebro ainda em desenvolvimento do jovem, uma nota baixa na escola pode significar consequências graves, enquanto ir para um lugar e dizer que foi para outro pode parecer algo sem problema nenhum.

Até que haja a construção e a identificação clara de sua personalidade, o adolescente mede sua aceitação social e a efetividade dos limites e suas consequências. Portanto trazer senso de consequência auxilia em muito na constituição saudável do adolescente expressa no bem-estar próprio, no do coletivo e no bem-estar de cada pessoa do seu convívio”, analisa Sabrina Oliveira.

Como os pais podem agir

Sabrina orienta que os pais troquem o castigo por acolhimento, reconhecimento, valorização genuína, respeito, proximidade, conexão, com uso de diálogo assertivo e afetivo. O limite, em vez de ser imposto, pode ser discutido com o próprio adolescente, para que entenda o objetivo real de tal atitude, para que se empodere dessa tarefa de se retratar por seus comportamentos negativos, evitando o sentimento comum nessa fase de sempre ser injustiçado e incompreendido.

Por exemplo, se o adolescente não estudou para a prova, pediu para faltar no dia e depois disse que esqueceu da avaliação, em vez de deixá-lo de castigo no fim de semana, os pais podem mostrar ao filho que sua ação tem consequências, e deixar o jovem lidar com a nota zero ocasionada pela falta”, orienta Sabrina.

O que diz o Método?

De acordo com o Método GrowCoaching, “as punições, privações e proibições arbitrárias acarretam mais atitudes rebeldes e impulsivas por parte dos adolescentes, aumentando também seu isolamento com relação aos adultos. Assim, quando se fala em limites e disciplina para adolescentes, é necessário que os pais utilizem soluções criativas que respeitem os impulsos dos jovens. Ou seja, é importante que estes recebam limites e possam entender as regras éticas e morais que regem a sociedade humana; no entanto, isso deve ser feito com atenção às necessidades adolescentes por inovação e independência”.

O exemplo dos adultos também é fundamental. Pesquisas mostram que contamos alguma mentira (grande ou pequena) em 25% de nossas interações diárias. Pode ser para não magoar alguém, para mostrar ser uma pessoa melhor (mais forte, mais generosa), para escapar de um julgamento ou sanção. Nossos filhos acompanham essas interações e muitas vezes percebem essas pequenas e grandes inverdades. Assim, independentemente do que dissermos a eles, vão formando sua percepção do que “pode” e do que “não pode”, ou melhor, do que é ou não socialmente aceito.

Quando os pais descobrem que o filho mentiu, podem promover uma conversa franca, sem repressão ou crítica (com frases do tipo “você é mentiroso”, ou “não posso mais confiar em você”), que só causam mais distanciamento. Ao contrário, podem tentar entender o motivo da mentira, qual a necessidade que o jovem buscava atender com seu ato, como essa mentira poderia ter prejudicado o jovem ou outras pessoas, e pensarem juntos em como poderia ter agido de modo diferente.

Fonte:

Conflito com a lei” e “O cérebro adolescente”. Parte integrante do Programa de Formação TeenCoaching.

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