Por: Marcia Belmiro | Crianças | 24 de agosto de 2020
O estudante brasileiro é um dos mais ansiosos do mundo. Essa é a conclusão do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). De acordo com a pesquisa, para 56% dos alunos brasileiros estudar gera muita tensão – na média dos 72 países avaliados, 36,6% dos jovens se sentem tensos quando estudam. O relatório também aponta que a ansiedade na escola tem relação direta com dificuldade no processo de ensino-aprendizagem e baixo aproveitamento nas provas.
De acordo com Marcia Belmiro, a ansiedade é causada por fatores endógenos (relativos à constituição do indivíduo), mas de modo geral só aparecem mediante um gatilho exógeno. “Não existe personalidade ansiosa, mas características de personalidade propensas a desenvolver a ansiedade mediante a interação com o ambiente externo (que no caso de crianças pode ser a escola)”, analisa Marcia.
Quando ligar o sinal de alerta
No entanto, Marcia explica que nem toda ansiedade deve preocupar: “Existe a ansiedade fisiológica, que é parte de estar no mundo. Esta produz uma certa dose de adrenalina que é necessária para seguir em frente com nossos compromissos, interesses e projetos. Já o transtorno de ansiedade joga na corrente sanguínea adrenalina em excesso, que faz o efeito contrário, de paralisar o indivíduo. No contexto escolar, um exemplo é quando o aluno com frequência passa mal ou tem ‘brancos’ na hora da prova”, ilustra.
Quando o professor perceber esse tipo de comportamento na criança, não adianta dizer coisas como “se acalme, está tudo bem”. No exemplo dado, a questão é o sentido que a prova tem para aquele estudante. Pode ser que, em seu entendimento, se não tirar uma boa nota ele será considerado incapaz – essa exigência pode ser externa, dos pais ou do professor, ou interna, do próprio aluno.
Como o professor pode auxiliar
Neste último caso, o adulto pode ajudar a criança a entender a real dimensão da prova, e ajudá-la a desmitificar suas crenças distorcidas, “podando” o tamanho desse medo. “Tenho visto o aumento exponencial do número de diagnósticos de ansiedade em crianças, e esse fenômeno pode ter diversas causas. No entanto, independentemente disso, é importante ficarmos atentos ao excesso de medicalização na infância. Muitas vezes a ansiedade pode ser controlada com mudanças comportamentais simples, e o Kids Coaching pode ajudar nisso”, explica Marcia.