Setembro Amarelo: Como abordar o suicídio na escola
Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 31 de agosto de 2020
De acordo com o Ministério da Saúde, o suicídio entre jovens de 10 a 19 anos aumentou 18% de 2011 a 2015 no Brasil, e já é a quarta causa de morte nesta faixa etária. Pensando nisso, a campanha de prevenção do suicídio Setembro Amarelo promove ações de conscientização ao longo do mês em todo o país.
Nas escolas, ainda é uma grande questão para os educadores como abordar o suicídio de maneira responsável entre os alunos, e como perceber os sinais que um jovem dá quando tem a intenção de se matar.
Agir só em situações específicas
Marcia Belmiro analisa essa situação: “Ações coletivas, como a prática de promover palestras sobre suicídio para toda a escola, não são as mais prudentes, pois podem involuntariamente despertar a atenção dos alunos para o assunto. O ideal, nesse caso, é trabalhar nas possíveis causas. Uma possibilidade é mapear fatores de risco, como bullying, e criar um programa de enfrentamento a esse tipo de ação.”
Especialistas em comportamento de jovens apontam que a faixa etária da pré-adolescência até a adolescência propriamente dita deve ser alvo de cuidado redobrado pela família e pela escola, já que é nessa fase que acontecem as primeiras frustrações (brigas entre amigos, términos de namoro, dificuldades nos estudos).
Quando e como se aproximar
“Ao perceber uma mudança de comportamento no adolescente (de repente ele não interage mais com os colegas, fica sozinho durante o recreio, age com impulsividade ou apatia), o professor pode ajudar chamando-o para uma conversa em particular, oferecendo ajuda, sem recriminá-lo, mas ao contrário, com uma postura de acolhimento”, orienta Marcia.
De acordo com a cartilha do Setembro Amarelo, a cada caso de suicídio cerca de 60 pessoas são intimamente afetadas (em geral família, amigos e colegas de classe). Por isso, no caso de ter havido um suicídio (ou tentativa de suicídio) na comunidade escolar, os organizadores da campanha sugerem que seja feito um trabalho de “posvenção”; ou seja, apoio ao indivíduo que tentou acabar com a própria vida e pessoas próximas a ele, de modo a evitar um novo incidente.
N a cartilha disponibilizada em http://setembroamarelo.com, há uma lista de fatores de risco e sinais de alerta que podem dar pistas sobre a necessidade de uma intervenção. São eles:
Transtornos mentais diagnosticados;
Histórico pessoal de tentativa de suicídio prévia;
Comentários que demonstrem desespero, desesperança e desamparo (ex.: “eu desejaria não ter nascido”);
Fatores estressores crônicos e recentes (ex.: morte de alguém próximo);
Organizar detalhes e fazer despedidas;
Meios acessíveis para suicidar-se (ex.: acesso a armas ou grande quantidade de remédios);
Comportamento impulsivo;
Eventos adversos na infância e adolescência (ex.: maus-tratos e abandono parental);
Motivos aparentes ou ocultos (ex.: comentários sobre “acabar com a dor”);