Por: Marcia Belmiro | Carreira | 09 de setembro de 2020
No dia 4 de agosto, Marcia Belmiro fez uma live com o tema “Como fugir da mediocridade e fazer a diferença no mundo”. Confira aqui os melhores momentos desse encontro com a audiência:
“Medíocre é aquele que está na média. Essa palavra carrega uma conotação negativa, então daqui por diante vou usar a palavra medianidade, que é literalmente estar na média. Quero propor uma revisita a si mesmo, a seus propósitos de vida. Como você é capaz de mostrar a que veio, com suas características próprias, se diferenciando dos demais?
Tem um livro de Malcolm Gladwell chamado Fora de série (Outliers). Ele é jornalista e observou que, num mundo de tantas oportunidades, de conhecimento de fácil acesso por meio da internet, o que acontece para que nem todas as pessoas alcancem o sucesso? Ele observa também que 18% da população do planeta está abaixo da linha da pobreza, e que apenas 1% é bem-sucedido. A partir desses e de outros dados, o autor faz conexões, interpreta-as a seu modo e propõe questionamentos.
Gladwell identifica que alguns dos ícones da informática na história (Bill Gates e Steve Jobs, por exemplo) nasceram na década de 1950. Por que isso? Ele descobre que na época que o Vale do Silício começa a tomar uma configuração, na década de 1970, umas poucas pessoas começaram a desenvolver softwares para PC, e precisavam de profissionais para testar esses softwares. Quem já ganhava dinheiro com computação na época não estava disposto a experimentações, então quem se interessou por isso foram os jovens (Bill Gates e Steve Jobs tinham em média 20 anos).
Nessa época, a mãe de um amigo de Bill Gates, que trabalhava numa empresa de tecnologia, dá a ele um software para analisar. Bill vai para a garagem de sua casa e trabalha nisso por mais de 10 mil horas.
Outro exemplo: Os Beatles, em 1963, muito jovens, fazem uma grande performance no palco. E Gladwell descobre que anos antes eles já faziam shows que duravam dez horas seguidas em pubs ingleses. Ou seja, quando chegaram ao palco não tiveram sorte nem houve uma conjunção astrológica, mas sim houve muito treino antes disso.
Gladwell também fez uma pesquisa sobre QI, e descobriu que a distância que existe entre um super gênio e uma pessoa com QI mediano não é significativa, no sentido de que não é suficiente para explicar o sucesso de alguém. Ele diz que esse 1% de pessoas bem-sucedidas teve um “acúmulo constante de vantagens ao longo do tempo” – que pode ter vindo através do meio em que vivem ou por meio de coisas que elas próprias trabalharam para obter –, e é fundamental para que o sucesso desses indivíduos.
A partir daí, o jornalista chega à conclusão de que para a pessoa estar nesse 1% necessitaria de algo em torno de 10 mil horas continuamente na mesma atividade para se tornar um expert. É como trabalhar 3 horas por dia em algo durante 10 anos, ou cerca de 8 horas por dia ao longo de 3,5 anos.
Se você pensa em uma pessoa que tem expertise em determinada atividade, provavelmente ela tem mais ou menos 10 anos de atuação nesse ramo. Quando analisamos o tempo de vida médio de uma pessoa no mundo (cerca de 72 anos), podemos dizer que cada um de nós pode ter pelo menos três ciclos de excelência na vida.
Ou seja, estamos falando de esforço e dedicação. Existem as vantagens que vêm do ambiente (uma família bem relacionada, por exemplo), mas não se pode contar com elas. O que se pode contar é com o que está na nossa mão. E a pergunta que Gladwell faz é: “O quanto você está disposto a se dedicar para fazer a diferença e ser um outlier, alguém fora da medianidade?” E eu acrescento o seguinte ponto: “O quanto você deseja sair da medianidade?” Porque em geral a gente fica mais ou menos satisfeito em ter um emprego razoável, que paga as contas e permite algum lazer no fim de semana, e aí acaba se habituando à medianidade.
O que você tem a ganhar dando esse passo em sua vida?
Novos desafios, que vão requerer dedicação e esforço. Para algumas pessoas isso é maravilhoso, para outras é incômodo. Outro ganho é a visibilidade – e, com ela, reconhecimento, crescimento profissional e pessoal, credibilidade. E tudo isso altera positivamente sua autoestima, trazendo sucesso (na sua interpretação própria de sucesso).
Só existe uma forma de fazer a diferença: usando seus talentos. São os talentos que nos capacitam a fazer a diferença. Para mim, talento não obrigatoriamente é um dom, mas é algo que pode ser desenvolvido. Chamo isso de DED: Dedicação, Esforço e Disciplina. E isso cansa, especialmente se você não mantiver o interesse naquilo que quer desenvolver. Se esse objetivo não for algo genuinamente significativo para você, não vai valer a pena.
Quanto vale um talento?
Vale a sua imagem consolidada como uma pessoa de credibilidade, que faz um trabalho de qualidade, com garantia de sucesso e resultado, além de sentido, de significado para si próprio. Eu diria que um talento vale uma fortuna incalculável, porque se trata da sua própria vida, da vida das pessoas no seu entorno. Quanto mais você desenvolve aquilo que é único, somente seu – e posso afirmar categoricamente que cada um de vocês tem talento –, mais tem a crescer.
Talvez você já esteja desanimado de buscar seu talento, talvez já tenha buscado alguns talentos e isso não deu certo. Mas independentemente de já ter se frustrado ou não, você tem um talento. É possível que você não tenha feito o melhor uso para o desenvolvimento desse talento. É possível que você tenha investido muito na aquisição de conhecimento cognitivo, acreditando que isso faria com que você desenvolvesse um talento, mas isso não é o bastante.
A questão é: “Qual é o seu talento?”, e investir tempo para desenvolvê-lo em todos os âmbitos. Algumas pessoas não desenvolveram seu talento por crenças que as limitam (“sou muito jovem, só quando eu for mais velho vão acreditar em mim”, ou “sou muito velho, meu tempo já passou”), e essas crenças as paralisam.
Quero sensibilizar você para uma auto-observação, com uma reflexão: O que tenho de melhor em mim? O que realmente faz de mim alguém diferente, especial, único? O que faço com maestria? E mais: O que você hoje oferece de melhor a cada dia, da hora que acorda à hora que vai dormir – para seus colegas de trabalho, familiares, pessoas em geral? Talvez seja um conhecimento técnico que você divide, ou amizade, ou até o bem maior de todos nós, que é o tempo.
E outra pergunta: Olhando para si, o que você pode dizer que é um invólucro, algo que o impede de estar plenamente no mundo? Saibam que, quando a pessoa consegue usar todos os seus talentos, consegue ter até cinco mais vezes mais resultados na vida.
Como sair da medianidade usando os seus talentos?
1- Acredite, ninguém chega lá sozinho. Todos precisam que nos ajudem, que nos ensinem, que nos ouçam, que nos critiquem. Ouvir críticas é difícil, mas necessário. Eu sei o quanto se cresce ao ouvir um feedback honesto.
2- O caminho para o sucesso é árduo. Isso não significa que é ruim, só que vai exigir de você dedicação, esforço, disciplina. Ninguém está dizendo que é fácil sair da medianidade. A tendência é que as pessoas tentem te colocar dentro da medianidade, da zona de conforto, é mais cômodo para todo mundo. Mas viva por aquilo que você acredita, não fique se baseando nos valores alheios nem no que você acha que as pessoas esperam de você. Toda vez que abrimos mão dos nosso princípios, saímos da nossa essência e nos mantemos na medianidade.
3- Atue na regra dos 120%. Seu sucesso na vida será proporcional ao que tiver feito depois de fazer o que se espera de você. Supere seus medos, preocupações e dúvidas – isso é um sinal importante de evolução pessoal. Essas três emoções fazem parte do invólucro que te impede de ser o seu melhor.
4- O futuro é de quem assume riscos. Se você é uma pessoa extremamente cautelosa, vai continuar dentro do invólucro. Não precisa se atirar em riscos imensos. Existem riscos planejados, você vai ousando um pouquinho a cada dia, calculadamente.
5- Pessoas de sucesso se movimentam. Elas não ficam paradas, esperando que as coisas aconteçam. Elas entram em ação. Decida não ficar ocioso. Não estou falando do ócio criativo, de desfrutar do momento, mas da ociosidade que nos impede de ir adiante.
6- Seja grato pelo 95% de coisas boas que acontecem na sua vida. Há uma tendência em focar no que falta, mas exceto em casos específicos 95% das coisas correm bem na nossa vida, e é possível escolher olhar para elas.
7- Não adianta nada só investir em conhecimento cognitivo. Não é suficiente para que você possa fazer bom uso dos seus talentos. É preciso ir além, investir em sabedoria, que é o conhecimento na prática. Aliás, a medianidade adora fazer cursos e mais cursos, sem colocar nada em prática, sem ajudar ninguém, nem a si mesmo, com o que aprende.
8- É da sua vontade fazer a diferença e querer ser essa pessoa talentosa que você é? Coloque em prática, e já. Existe a opção de tomar uma decisão “um dia”, ou então fazer a mudança em 2071, quando o cometa Halley vai passar de novo. Ou fazer agora, já, e ser parte desse 1% de pessoas bem-sucedidas financeiramente, nos relacionamentos, na satisfação pessoal e profissional. Se quiser colher, dedique-se ao plantio.