“Meu filho não come nada”/ “meu filho come o dia todo”
Por: Marcia Belmiro | Crianças | 18 de março de 2021
“Meu filho é muito agitado, não para um segundo!”
“Meu filho é muito quieto, nem parece criança.”
“Trabalho fora, não consigo dar atenção suficiente aos meus filhos.”
“Não trabalho fora, minha rotina em casa é estressante.”
“Meu filho não come nada.”
“Meu filho come o dia todo.”
É muito comum recebermos depoimentos de mães dizendo há algo de errado consigo ou com seus filhos. Frequentemente, no entanto, recebemos comentários de outras mães reclamando da situação oposta.
O objetivo aqui não é julgar, apenas constatar fatos e analisá-los. Essa insatisfação constante muitas vezes tem mais a ver com onde está o seu foco do que com a situação em si. Exemplo: Provavelmente a criança que “não come nada” e a criança que “come o dia todo” estão saudáveis, crescendo e se desenvolvendo.
É bem verdade que algumas dessas crianças precisariam de um suporte profissional, que mesmo nesses casos funciona bem mais se a situação é vista como é na realidade, não com tintas de tragédia ou sina imutável.
Essas preocupações acabam por dizer mais das expectativas de um “filho perfeito” do que de problemas reais. Quando uma pessoa está focada em suas dificuldades sempre vão existir muitos problemas, e eles serão mais importantes que todas as outras coisas.
Vale ressaltar que muitas dessas expectativas sobre o suposto filho perfeito vêm como consequência de uma cobrança do ambiente externo, do mundo lá fora que estará sempre julgando sua atitude, qualquer que seja ela – uma vivência que vem desde a nossa infância.
De volta às origens
Vamos fazer uma análise: Quando os adultos de hoje eram crianças, nem sempre tinham suas opiniões, desejos e necessidades levados em conta pelos adultos. Por exemplo, se você dizia para a sua mãe que não gostava do tio Fulano e não queria abraçá-lo, provavelmente ouviria algo como “criança não tem que querer nada, vai abraçar o tio sim!”.
Diante desse tipo de vivência familiar, os indivíduos cresciam sendo estimulados a não acreditar nos próprios sentimentos. Dessa forma, ficavam aprisionados nas opiniões e expectativas alheias. Na vida adulta, isso se reflete em expectativas (externas que se transformam em internas) de, por exemplo, ter um filho perfeito.
“Sempre é tempo de mudar esse padrão, de deixar de tomar decisões baseadas na tradição e no alheio e passar a definir sua vida por critérios próprios, que façam sentido para si e para sua família. Aqui cabe uma questão: Você quer se medir pela própria régua ou pelas réguas alheias?”, observa Marcia.
Ela continua: “Fazer o seu próprio jogo não significa ir para uma ilha deserta e ficar lá, só ouvindo as suas opiniões. É estar no mundo e lidar com ele sem se deixar abalar. Para isso, é preciso ter algum nível de clareza sobre as próprias decisões. Quando uma mãe tem consciência de que está oferecendo o melhor que pode a seus filhos, é capaz de lidar com as críticas externas com mais tranquilidade.”