O papel dos pais no desenvolvimento da autoestima das meninas

O papel dos pais no desenvolvimento da autoestima das meninas

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 15 de setembro de 2021

Você sabia…

… que quando pais e mães são convidados a estimar o QI dos filhos, eles tendem a dar valores menores às meninas?

… que na escola os meninos recebem seis vezes mais atenção dos professores que as meninas? 

… que ao serem convidados  a escolher um colega para um jogo difícil, crianças de 6 anos de ambos os sexos tendem a escolher meninos (mesmo que as meninas tenham desempenho superior)?

Esses e outros dados fazem parte de uma extensa pesquisa da jornalista inglesa Mary Ann Sieghart, que acaba de lançar o livro The Authority Gap: Why Women Are Still Taken Less Seriously Than Men, And What We Can Do About It [A lacuna de autoridade: Por que as mulheres ainda são levadas menos a sério que os homens, e o que podemos fazer a respeito], ainda sem tradução para o português.

No livro, a autora analisa que não importa o quão poderosa uma mulher seja, não importa o quão alto seja seu desempenho profissional, ela ainda não terá a mesma autoridade que um homem de status semelhante – e muitas vezes inferior. 

Um bom exemplo é o das juízas da Suprema Corte dos Estados Unidos, que são quatro vezes mais interrompidas que seus colegas homens, ou o fato de que quando uma mulher fala 30% em uma conversa o interlocutor masculino fica com a impressão de que ela monopolizou a conversa, ou mesmo a estatística de que em todo o mundo as mulheres ainda recebem salários em média 25% inferiores aos dos homens na mesma função e com qualificação semelhante.


Um problema de todos nós

De acordo com Mary Ann Sieghart, essa desigualdade tem início ainda na primeira infância e perdura por toda a vida – com consequências graves tanto para mulheres quanto para homens.

Sim, por tudo o que já foi dito aqui a desigualdade de gênero afeta diretamente as mulheres, mas se pararmos para pensar um pouco os homens também sofrem suas consequências. 

Só para dar um exemplo, de modo geral os homens morrem mais cedo (seja por suicídio, homicídio ou doenças que poderiam ter sido tratadas) – já que ter sentimentos, conversar para resolver problemas e cuidar da saúde ainda são permitidos apenas às mulheres.


Vamos refletir?

O que nós estamos dizendo aos nossos filhos e filhas? Estamos criando futuras mulheres que acreditam em sua capacidade e sonham alto? Estamos criando futuros homens que enxergam as desigualdades e usam seu privilégio para lutar contra isso?

Estamos dando liberdade às nossas crianças para brincar do que têm vontade, vestir-se como desejam, falar sobre o que sentem e pensam, com acolhimento e respeito, sem ideias preconcebidas do que é do universo “masculino” ou “feminino”?

Empoderamos igualmente nossos filhos e filhas para lidarem com os desafios da vida, e para usarem as características únicas de cada um para crescimento mútuo, e não para disputa?

Que conversas você vem tendo hoje com a sua filha? Que tipo de visão você traz para ela a respeito das diferenças entre homens e mulheres? É uma relação de cooperação ou de superioridade? 

Como sua filha vê isso no dia a dia em casa? Mais do que o seu discurso, seu exemplo na prática é determinante para a autoestima e empoderamento de sua pequena no futuro.

 

Afinal, de quem é a culpa?

Essa forma maniqueísta e opressora de tratar homens e mulheres não é culpa de ninguém, é uma construção social que vem se formando há gerações, mas é responsabilidade de todos nós – mães, pais e cuidadores em geral – alterar esse estado de coisas, pelo bem de todos, especialmente de nossas crianças.

 

Para saber mais sobre a pesquisa de Mary Ann Sieghart, acesse:

“The Gender Authority Gap”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OZKX_82kCiw 

“The Authority Gap by Mary Ann Sieghart review – why men are still on top”. Disponível em: https://www.theguardian.com/books/2021/jul/16/the-authority-gap-by-mary-ann-sieghart-review-why-men-are-still-on-top 

 

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