Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 06 de julho de 2018
Já se sabe que os anos que correspondem à adolescência costumam ser muito difíceis para a maioria dos jovens. A falta de autoestima é, algumas vezes, a raiz do problema, e pode gerar alguns conflitos sérios como a perda da confiança em si mesmo e até no outro. Isso porque o adolescente enfrenta muitos desafios como o de ser aceito por um determinado grupo, a sensação de deslocamento, pois já não é mais criança, mas ainda não possui total autonomia.
Acrescenta-se a isso as pressões na escola, a descoberta de novos horizontes, entre uma série de questões totalmente novas para ele. As mudanças externas colaboram com este cenário. O corpo, a voz, as sensações físicas… Tudo isso muda a fim de preparar o indivíduo para a vida adulta.
O jovem com a autoestima baixa e que perdeu a confiança em si mesmo vai fazer de tudo para evitar a convivência com os mais velhos. Algumas cenas são comuns a este quadro. O filho pede para o pai estacionar o carro na esquina da escola, longe do olhar dos colegas, recusa-se a participar de um almoço dominical na casa dos avós, entre outras situações que parecem constrangedoras ou desagradáveis aos olhos infanto-juvenis.
Assim, é comum os filhos se afastarem do núcleo familiar, pois – mesmo sem saber – precisam descobrir a sua própria individualidade, desejam explorar novos universos e, para isso, precisam estar sozinhos. Na outra ponta, os pais, frequentemente assombrados pela ideia de que algo ruim pode acontecer, tentam reverter o cenário pelo caminho da vigilância, muitas vezes, exagerada, e que em nada contribui para que ambos atravessem essa fase.
Alarmados pela falta de controle, alguns pais utilizam métodos pouco recomendáveis como investigar a vida do filho na internet, revirar armários e mochilas, e, em casos mais extremos, seguindo-os na rua. Tais posturas não só não contribuem para que os filhos alterem o seu comportamento, como incentiva a falta de confiança dos filhos em si mesmos. Isso porque ao mesmo tempo em que se revoltam quando descobrem o caminho utilizado pelos pais, sentem-se ainda mais inadequados do que antes.
Na maioria dos casos, não há motivos para se bancar o detetive. É preciso ouvir mais e falar menos, incentivar o diálogo dentro de casa, mostrando que se está disposto a oferecer uma escuta ativa, sem críticas ou julgamentos. Por outro lado, também é importante discernir e respeitar o tempo de silêncio. Quanto mais tranquilo for o ambiente dentro de casa, e mais aberto o relacionamento se mostrar, maior a tendência de que o jovem procure, espontaneamente, os adultos para se abrir.
Um dos resultados mais palpáveis e aparentes de um processo de coaching com adolescentes é a recuperação da confiança através da autoestima elevada. Isso ocorre porque quando um jovem entra em contato com os seus valores, descobre quais são as suas forças e fraquezas, e as melhores formas de potencializar suas habilidades, blindando aquilo que pode representar uma ameaça, ele conquista um domínio de si bastante expressivo.
E, justamente, a adolescência é a primeira oportunidade que o indivíduo tem de olhar para dentro e buscar todas essas informações. A própria sede de conhecimento e o fascínio com tantas possibilidades abertas a sua volta deixam o adolescente mais aberto para este encontro consigo do que um adulto, muitas vezes já marcado por suas experiências e descrente de novas descobertas de si.
O mais incrível disso tudo é que, atualmente, é possível ajudar os próprios filhos ou alunos por meio dessas técnicas de coaching, já que não é preciso ser um psicólogo ou médico para obter este tipo de formação. Assim, pais, responsáveis, educadores, coaches e qualquer pessoa que lide com o adolescente é capaz de se especializar e atuar em causa própria. A família agradece!