Cinco motivos para brincar com os filhos + três bônus
Por: Marcia Belmiro | Crianças | 19 de agosto de 2019
Momentos em família são oportunidades de conexão, e auxiliam de diversas formas a crianças e adultos
1 – Brincar produz aumento da ocitocina, da endorfina e da dopamina. A ocitocina é o “hormônio do amor”, e sua liberação cria um ambiente de conexão profunda (é ela a responsável pelas contrações do parto e pela ejeção de leite durante a amamentação). A endorfina gera sensação de bem-estar e melhora o humor (é associada à prática de atividades físicas) e a dopamina, relacionada a atividades com propósito verdadeiro, é uma das principais fontes de prazer nos seres humanos. Estes hormônios são ativados em crianças e adultos durante o tempo que estejam brincando de verdade! Não adianta ficar “de corpo presente” para que os hormônios sejam ativados, é necessário entrega e genuína participação.
2 – Na brincadeira em família, a construção das regras auxilia na socialização e é um estímulo à interação entre pessoas e à convivência harmoniosa. Aqui mais uma vez o benefício é para todos, sobretudo para os indivíduos com estilo de comportamento reservado e tímido, porque na interação eles conseguem expor a si, a seus pontos de vista e sentimentos.
3 – A brincadeira é a atividade básica da criança, é nela que os pequenos elaboram suas questões, organizam o raciocínio e fazem a junção de conhecimentos de fontes diferentes, gerando aprendizado — que pode ser usado em diversas esferas da vida, inclusive na idade adulta (habilidade de resolver problemas e de negociação, só para citar alguns exemplos).
4 – Auxilia a transicionalidade da criança. Winnicott postulou que brincar é o fenômeno transicional dos pequenos. Para este estudioso, objeto transicional é aquele que tem caráter de intermediação, que gera um elo entre o mundo interno e externo da criança. Na prática, funciona assim: ao pegar um brinquedo — que é concreto —, quem brinca coloca ali algo de subjetivo, de seu. Isso auxilia a criança a sair do egocentrismo (natural do início da vida) e a caminhar em direção a seu amadurecimento.
5 – Estímulo à criatividade. De acordo com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), 65% das crianças de hoje terão empregos que ainda não existem. Assim, o exercício de construção do mundo de “faz de conta”, quando aprendido na infância e usado por toda a vida, se torna cada vez mais essencial.
Bônus 1: Se você não estiver com vontade de brincar, não precisa se forçar. A brincadeira é para ser interessante para a criança e também para o adulto. Se agora não é a melhor hora, deixe para depois, sem culpa.
Bônus 2: Não sabe do que brincar? Que tal ensinar a seu filho as brincadeiras preferidas de sua infância? As melhores brincadeiras não envelhecem e agradam a todas as idades.
Bônus 3: Não tem tempo? Que tal manter uma atitude brincante nas tarefas do dia a dia? Cortar o sanduíche do lanche em formato de flor, falar com a voz do personagem preferido da criança, promover uma corrida até a portaria do prédio na hora de ir para a escola. Qualquer ambiente é propício ao brincar espontâneo.
Fontes: O brincar e a realidade, D. W. Winnicott. Imago, 1975.