Cyberbullying, a nova ameaça virtual

Cyberbullying, a nova ameaça virtual

Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 03 de março de 2020

Uma nova ameaça on-line sobe no ranking de ameaças aos jovens de todo o mundo – o Brasil aí incluído. É o cyberbullying, ou assédio virtual, que acontece quando alguém sofre abuso, intimidação ou coerção por meios virtuais.

Em 2018, o Instituto Ipsos ouviu pais e mães de 28 países sobre o assunto. Entre os brasileiros, 29% relataram que seus filhos já foram vítimas de violência on-line – bem acima da média mundial, que é de 17%. A fonte do bullying, em sua maioria, eram colegas de classe, que agiam por meio das redes sociais.

Outra pesquisa mundial, essa feita pelo Unicef, em 2019, com os próprios jovens, obteve resultado ainda mais alarmante: 37% dos brasileiros afirmaram já terem sido vítimas de cyberbullying. Além disso, 36% dos adolescentes de nosso país já faltaram à escola após ter sofrido bullying on-line de colegas de turma, tornando o Brasil o país com a maior porcentagem nesse quesito na pesquisa.


Bullying x cyberbullying

O cyberbullying causa tanto sofrimento nas vítimas e pode ter consequências tão graves quanto o bullying tradicional. No entanto, diferentemente de outras formas de intimidação já conhecidas, o assédio virtual muitas vezes acontece anonimamente. O assediador cria um perfil falso (mais conhecido como fake) e promove os ataques.

Aproveitando-se do fato de estar protegido pela tela do computador e por uma identidade falsa, o praticante desse tipo de bullying pode agir com ainda mais crueldade, falando e fazendo coisas que não teria coragem pessoalmente; humilhando e ameaçando não apenas a vítima em si, mas também sua família.

Alguns pais e professores, por ainda não terem a real noção do que se trata, podem considerar o cyberbullying mais “leve” que o bullying presencial, por não haver – pelo menos a princípio – riscos de violência física. No entanto, não percebem que os danos psíquicos causados por fotos íntimas vazadas e vídeos que viralizam, por exemplo, podem ser tão sérios quanto surras diárias.

O desafio aqui é no sentido de educar os adolescentes para fazerem um bom uso das mídias sociais e da internet em geral. Para isso, pais e educadores podem orientar os jovens sobre:

Não se expor nas redes, postando fotos ou vídeos sensuais, tampouco imagens de onde moram ou estudam;

Não se omitir caso se sintam ameaçados, contando aos adultos cuidadores sobre o que está acontecendo. Para isso, é preciso criar uma atmosfera de confiança e não julgamento com os jovens;

Agir de maneira responsável no ambiente virtual, evitando publicar comentários agressivos e compartilhar conteúdos que possam envergonhar ou humilhar alguém.

A Do Something, organização sem fins lucrativos que apoia o combate à violência e desigualdade, produziu uma lista de estatísticas sobre o cyberbullying. Apesar de os dados serem relativos aos Estados Unidos, podem nos ajudar a compreender esse fenômeno e refletir sobre formas de minimizá-lo. No site da plataforma, é possível verificar as fontes de todas as informações. Confira aqui:

  1. Cerca de 37% dos jovens entre 12 e 17 anos foram vítimas de bullying on-line, e 30% deles passaram por isso mais de uma vez. 

  2. 95% dos adolescentes nos EUA estão on-line, e a grande maioria acessa a internet em seus dispositivos móveis, tornando-os o meio mais comum para o cyberbullying. 

  3. 23% dos estudantes relataram que disseram ou fizeram algo cruel com outra pessoa numa interação on-line, e 27% relataram ter sido alvos de crueldade. 

  4. As meninas são mais propensas a serem vítimas de cyberbullying: 15% das adolescentes foram alvo de pelo menos quatro tipos diferentes de comportamentos abusivos on-line, contra 6% dos rapazes. 

  5. Cerca de metade dos estudantes gays e transgêneros sofreram assédio on-line, taxa bem superior à média. 

  6. O Instagram é a rede social que concentra mais casos de cyberbullying: 42% dos pesquisados ​​relataram ter sofrido assédio na plataforma. 

  7. Os jovens que sofrem cyberbullying correm um risco maior de automutilação e de apresentar comportamento suicida. 

  8. 83% dos jovens acreditam que as empresas de mídia social deveriam fazer mais para combater o cyberbullying em suas plataformas. 

  9. 60% dos jovens já testemunharam bullying on-line. A maioria não interveio.

  10. Apenas 1 em cada 10 vítimas adolescentes informa os pais ou adultos de confiança sobre os abusos sofridos. 

  11. Quatro em cada cinco alunos (81%) dizem que teriam mais chances de intervir em casos de cyberbullying se pudessem fazer isso anonimamente. 

Fontes:

11 Facts about Cyberbullying”. Disponível em: https://www.dosomething.org/us/facts/11-facts-about-cyber-bullying

Brasil fica em segundo lugar em ranking global de ofensas na internet”. Disponível em: https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-fica-em-segundo-lugar-em-ranking-global-de-ofensas-na-internet/

Pesquisa do Unicef: Mais de um terço dos jovens em 30 países relatam ser vítimas de bullying online”. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/mais-de-um-terco-dos-jovens-em-30-paises-relatam-ser-vitimas-bullying-online

                      

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