Por: Marcia Belmiro | Crianças | 08 de novembro de 2019
Com a proximidade das férias escolares, surge a dúvida: para onde levar as crianças? Na internet, há infinitos textos com indicações de parques temáticos, resorts e outros destinos badalados. Exatamente por isso optamos por fazer um não guia de férias: sem indicações de viagem, mas com orientações que consideramos valiosas – não só para os passeios durante o recesso letivo, mas para toda a infância.
Queremos falar sobre proporcionar experiências diversas aos filhos – experiências de convívio com a natureza, com os animais e as plantas, longe do confinamento a que as crianças das grandes cidades estão acostumadas em apartamentos, playgrounds e shoppings.
Os adultos, em geral, guardam com carinho não os brinquedos caros que tinham nem o luxo proporcionado pelas férias no hotel cinco estrelas, mas sim o dia que fizeram um trilha em família e, depois de alguns tombos, descobriram uma linda paisagem lá no alto. Ou as árvores e animais que puderam conhecer pessoalmente, não por meio de fotografias. Essas situações, verdadeiramente enriquecedoras, geram memórias afetivas por toda a vida.
Lea Tiriba, pesquisadora da infância, considera que as crianças são intrinsecamente “seres da natureza” e propõe, em suas palavras, “religar” os pequenos ao meio ambiente, por meio do “desemparedamento”, que não acontece simplesmente quando as crianças vão para um parque ou praça com a visão clássica da natureza como elemento a serviço do humano, mas quando há conexão real entre crianças e ambiente natural – com estímulo ao cuidado e à preservação dos elementos que constituem a terra, o mar e o ar.
Lea analisa: “É o exercício de convívio com o mundo natural e a vivência de outras relações de produção e de consumo que possibilitarão às crianças se constituírem como seres não antropocêntricos, ou seja, que saibam cuidar de si, dos outros, da Terra. E resistam ao consumismo que destrói e desperdiça o que a natureza oferece a todos os seres vivos como dádiva.”