Medo de dormir sozinho é normal na infância?

Medo de dormir sozinho é normal na infância?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 20 de outubro de 2017

É muito normal as crianças sentirem determinados medos que não fazem tanto sentido assim para os adultos. Isso acontece porque, durante a infância, a linha que separa a realidade e o princípio da fantasia ainda não é muito nítida, e para a criança não é tão fácil distinguir aquilo que existe apenas na sua mente daquilo que se apresenta como real no mundo que a cerca.

A partir dos 3 anos de idade, as crianças começam a demonstrar medo do escuro, do desconhecido e daquilo que não está claramente definido. Com isso, elas podem começar a sentir certo medo de dormir sozinhas, pois à noite e no escuro suas fantasias e temores provenientes da exploração do imaginário tomam formas variadas. Além disso, os pais representam para a criança seus grandes protetores e, quando se percebem longe dos pais, as crianças tendem a se sentir inseguras e desprotegidas.

Como lidar com o medo de dormir sozinho

Nunca desmereça nem desacredite o medo de seus filhos

Considerando que para a criança não é óbvia a distinção entre o que é real e o que é imaginário, não adianta nada falar para seu filho que aquilo que ele teme não existe e que é uma besteira perder tempo sentindo medo disso. Desacreditá-la apenas ensinará a criança a reprimir sentimentos fortes como o medo, favorecendo um crescimento com insegurança e confusão a respeito de suas próprias emoções.

Além disso, a criança não se sentirá mais à vontade para partilhar com você aquilo que a incomoda, mas esse mal-estar gerado pelo medo não desaparecerá. Muito pelo contrário: o medo continuará sendo um fator gerador de ansiedade, podendo acarretar diversos sintomas físicos — como falta de atenção, dores de cabeça, de estômago e ansiedade generalizada.

Escute seu filho e reconheça seu sentimento de temor

Para que a criança se sinta acolhida, é fundamental que os pais a escutem atentamente e demonstrem empatia com o sentimento ruim que o filho está experienciando. Eles podem também compartilhar que, por muitas vezes, eles próprios também viveram momentos em que sentiram medo e que esse sentimento é natural.

Vale ressaltar, no entanto, que o reconhecimento de que também já sentiu medo não é igual a transmitir seus próprios medos para à criança. É muito importante ser cuidadoso para que seu filho não amplie o medo que está sentindo, e apenas veja em seu exemplo que o medo existe, mas que todos precisam lidar com ele e que é preciso desmistificá-los e dar o tamanho certo para cada situação.

Abra um canal de diálogo com seu filho que ele possa confiar

As crianças precisam da proteção e do apoio de seus pais para se sentirem seguras o suficiente para encarar seus medos e superá-los. Assim, ouça e tranquilize seus filhos conversando honestamente sobre aquilo que os aflige. Para ajudá-los com isso, você pode se utilizar de recursos como histórias, livros, fotos ou até mesmo da internet para ampliar o padrão perceptivo da criança e promover um salto de consciência em relação àquilo que a assusta.

Esteja presente e tranquilize seu filho todas as vezes que estiver com medo, mas também converse sobre isso com ele à luz do dia, quando o fator que o aterroriza não estiver presente, pois a construção da confiança à luz do dia ajudará a lidar com isso à noite.

Imagem: Choreograph / iStock / Getty Images Plus

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