Por: Marcia Belmiro | Crianças | 13 de março de 2020
Existem crianças naturalmente extrovertidas, que se aproximam de coleguinhas e adultos com facilidade, estão sempre rodeados de gente. Da mesma forma, há aquelas que têm um temperamento mais retraído, que precisam de tempo para se sentir à vontade com um grupo e geralmente mais ouvem que falam numa conversa. Essas diferenças de comportamento são normais, e fazem parte da personalidade de cada indivíduo.
“Quando os pais chegam para mim com a queixa de que o filho tem poucos amigos, primeiro tento entender se esse incômodo é da criança ou dos adultos. Afinal, algumas crianças têm poucos amigos, sim, mas esse não é um problema para elas. Temos uma tendência a comparar os expansivos com os tímidos, criticando estes, como se só houvesse um comportamento certo. A grande questão é: seu filho está feliz com os amigos que têm?”, indaga Marcia Belmiro.
Quando há um problema
Se a resposta for não, provavelmente o comportamento introvertido está relacionado a alguma insegurança. Nesse caso, muito pode ser feito para ajudar essa criança a deixar de se isolar. Estudos já comprovaram que existem as tendências de cada indivíduo, mas independentemente disso as habilidades sociais podem ser aprendidas ao longo da vida.
No artigo “Habilidades sociais na clínica psicológica”, Silva cita Caballo (2016) ao afirmar que “a infância é considerada um período crítico para aprender as habilidades sociais, pois as práticas educativas da família, da escola e do meio social no qual [a criança] está inserida são as principais condições para a aquisição e o aperfeiçoamento dessas habilidades”.
Ouvidos atentos
Em primeiro lugar, é importante ouvir a criança, perguntar a ela quais são seus desconfortos, temores e receios. Quando os pais entendem do que o filho tem medo (de ouvir alguma coisa ruim, ou de que façam algo com ele, por exemplo), podem pensar juntos em como solucionar a questão.
Nessa conversa, os pais não vão dar respostas prontas ao filho, nem ensinar a ele como fazer, mas levar a criança a encontrar sua própria forma de verbalizar, interagir e resolver suas dificuldades. Também não adianta encorajá-la com conceitos abstratos, como “seja confiante”, pois o pequeno ainda não tem condições – neurologicamente falando – de compreender isso.
O que ajuda, nesse caso, é trabalhar no processo de autoconhecimento da criança, para que ela se sinta mais segura. Acolha e valide o sentimento infantil – quando os pais negam o sentimento ou o menosprezam, com frases do tipo “não é nada demais, amanhã vocês já estarão brincando de novo”, a tendência é deixar a criança mais ansiosa.
Como auxiliar seu filho
Fazer pequenas dramatizações da situação difícil (ex.: como pedir para entrar numa brincadeira) pode ajudar. A criança faz seu próprio papel e o adulto interpreta o amiguinho. Assim, ela pode treinar como agir e o que responder quando estiver cara a cara com o colega.
Outra forma de ajudar seu filho é propiciando oportunidades de contato social (no play do prédio, na pracinha, em eventos com outras crianças). Nessas ocasiões, evite levar o game, tablet ou outro gadget que possibilite a ele ficar em seu mundinho.
Se seu filho concordar, convide outras crianças para sua casa. Assim, pode ser mais fácil para ele socializar em seu próprio ambiente (importante: não faça isso de surpresa).
Agora, se a criança deseja ficar sozinha em alguns momentos e parece feliz assim, não se preocupe. Para algumas pessoas a própria companhia pode ser a melhor companhia. O mais importante é que ela possa ter escolha, em vez de aceitar uma situação desconfortável por considerá-la impossível de mudar.
Fontes:
“Distanciamento social”. Integrante do Módulo 2 do Programa de Formação Kids Coaching.
“Habilidades sociais na clínica psicológica”. Disponível em: