Por: Marcia Belmiro | Educação | 11 de maio de 2020
O Movimento Maker está chegando às escolas brasileiras. Mas o que isso significa? De acordo com artigo publicado na Revista Educação:
“Maker, em inglês, significa realizador, criador, fazedor. [Esse modelo] começou a ser adotado em escala social no início do século 20. Foi incentivado na Europa no pós-guerra, para que a recuperação dos equipamentos devastados em combate fosse acelerada com a mão de obra disponível. […] A popularização do mundo digital e redução dos preços de equipamentos e hardwares de ponta do setor de produção foram decisivos para a introdução do Movimento Maker nas escolas […] no Brasil e no mundo. O Movimento Maker na educação é a introdução dos conceitos dessa cultura no ambiente das escolas públicas e privadas, cursos e de outros projetos educacionais.”
Essa concepção se conecta com a perspectiva emancipatória de Paulo Freire, que acreditava na aquisição de conhecimento de uma forma mais orgânica e autônoma. Está em linha também com pesquisadores como o espanhol Jorge Larrosa Bondía, que defende o valor da prática para o aprendizado. De acordo com a neurociência, ao fazer parte da experiência em vez de apenas assisti-la, a sinapse que se forma no cérebro é mais forte. Ou seja: o que é vivido, experimentado, se sedimenta mais facilmente como conhecimento.
No Brasil, a ONG Educando faz um trabalho baseado no Movimento Maker que hoje atende a 700 escolas de 17 estados, todas públicas, dos níveis médio e fundamental II. Para se ter uma ideia, de acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, 84% das escolas participantes deste projeto tiveram aumento de 20% nas notas de matemática dos alunos.
Nessas escolas, os alunos participam de experiências e projetos multidisciplinares. O desafio parte do próprio aluno, de acordo com seus interesses. Há um incentivo à autonomia, ao pensamento crítico e ao trabalho em equipe, habilidades socioemocionais descritas na BNCC.
Não é possível prever, hoje, como será o mercado de trabalho daqui a alguns anos, por isso se torna ainda mais importante apostar nas chamadas soft skills, ou seja, nas habilidades socioemocionais. Quando os alunos identificam os problemas e buscam soluções de maneira colaborativa, tendo o professor mais como tutor do que como depositário do conhecimento, podem alcançar a educação libertadora e emancipadora de que falava Paulo Freire.
Para se inspirar, assista ao documentário Quando sinto que já sei, que reúne depoimentos de crianças, pais, professores, educadores e diretores de escolas no Brasil que já adotam propostas educacionais inovadoras. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CQMB0RiO-Oc