Qualquer pessoa que tenha filhos sabe que mesmo o dia mais cheio no escritório não é tão cansativo quanto um dia normal de cuidados com a casa e as crianças. E quando essas duas realidades se sobrepõem? É isso que está acontecendo neste momento de quarentena, em que as escolas estão fechadas e um grande número de empresas implementou o home office para seus funcionários.
Na prática, o desafio é grande – especialmente para as mães, que historicamente têm maior participação na criação dos filhos e nas atividades de manutenção da casa. Ainda não há muitas pesquisas sobre isso, mas de acordo com o periódico The Lily, as mulheres têm enviado até 50% menos artigos acadêmicos desde começou a pandemia nos Estados Unidos (a produção dos homens segue inalterada).
Aumento da desigualdade
Na realidade, não é preciso ter estudos a esse respeito para perceber que a desigualdade entre homens e mulheres só aumentou neste período. É só conversar com mães e pais que estão vivendo a realidade do home office com filhos para perceber que, de maneira geral, os homens têm uma percepção que ganharam horas do dia (já que não precisam fazer deslocamento), estão mais próximos dos filhos e podem participar mais de sua rotina e que estão aproveitando para tirar do papel projetos engavetados.
As mulheres mães, por outro lado, relatam esgotamento físico e mental, menor produtividade no trabalho e mais dificuldade de conciliar tarefas. Diante desse contexto, a quarentena se torna uma ótima oportunidade para discutir a divisão de tarefas, incluindo todos, até os filhos.
Isso pode ser feito em uma reunião de família, começando por reforçar a importância da contribuição de cada indivíduo para o bom funcionamento da casa, dado que esta é uma responsabilidade compartilhada entre todos os moradores.
A importância da organização
Depois, pode-se fazer uma lista de todas as tarefas, cada qual com sua periodicidade média, e dividi-las entre as pessoas (ex.: Lavar louça – 3 vezes ao dia; Lavar roupa – 3 vezes por semana; Levar o lixo para fora – 1 vez ao dia; Trocar as fraldas do bebê – 6 vezes ao dia; Botar as crianças para dormir – 1 vez ao dia).
A partir daí, as demandas ficam mais claras para todos e é possível dividi-las igualitariamente entre o casal, deixando também algumas tarefas para os filhos. Mesmo crianças pequenas já podem ajudar, arrumando a mesa para as refeições, tirando os pratos depois de comer, levando o lixo para fora etc.
Aí vem o segundo passo: tornar o home office o mais produtivo possível. Sabrina Oliveira, cocriadora do Programa de Formação TeenCoaching, sócia da Horizontes Coaching e mãe de dois meninos dá algumas orientações, confira:
1) Programar o dia seguinte, com uma lista de tarefas específica e possível de ser realizada, separada por níveis de prioridade. Assim há mais chances de garantir que o essencial será feito.
2) Tente marcar reuniões on-line no horário da soneca da tarde, por exemplo. Mas caso uma criança apareça no meio da videoconferência, seja gentil e flexível consigo mesma e lembre-se de que crianças são crianças, e que isso não desabona sua capacidade profissional nem sua habilidade como mãe.
3) Se possível, divida o dia em turnos de trabalho com o companheiro, explicando aos filhos que até a hora do almoço, por exemplo, se eles precisarem de alguma coisa devem pedir ao pai. Assim, é possível se concentrar mais nas tarefas profissionais, e ao mesmo tempo poder estar inteira no período definido para ficar com as crianças.
4) Para os filhos pode ser difícil entender que os pais estão em casa, mas não podem brincar com eles o tempo todo. Para amenizar essa necessidade de atenção, tente fazer pequenas pausas ao longo do dia para se conectar com as crianças – contando uma história, assistindo a um vídeo engraçado na internet ou dançando uma música animada.