O que a experiência do Covid pode ensinar para as famílias empreendedoras?

O que a experiência do Covid pode ensinar para as famílias empreendedoras?

Por: Marcia Belmiro | Carreira | 19 de outubro de 2020

A pandemia do coronavírus criou muitos desafios para todos, mas também gerou oportunidades para famílias que resolveram se unir para criar pequenos empreendimentos. É o caso de Tatiana Menezes e Rafa Taygoro, mãe e filho, que desde maio deste ano estão à frente da Tara Culinária.

Confira detalhes dessa história de sonho e empoderamento:

Tatiana nasceu em Minas Gerais, mas vive no Rio de Janeiro há 50 anos. Rafa, seu filho, é carioca. A mãe cozinha profissionalmente há quase 20 anos, e chegou a trabalhar como chef de alguns restaurantes cariocas badalados. O filho cresceu em meio às panelas, e também seguiu o rumo da gastronomia, com passagens por restaurantes do Rio, de São Paulo e da Bahia, de onde saiu, em março, para ficar com sua mãe durante a pandemia.

Estávamos os dois sem emprego, e daí surgiu a Tara. Nosso empreendimento nasce do prazer de proporcionar uma grande experiência para quem gosta de comer, da necessidade básica de sobreviver e alimentar, do aprendizado de passar por muitas cozinhas e técnicas. Nasce do caos, da insegurança, da impossibilidade de emprego e da falta de perspectiva de trabalho justo e autônomo, da possibilidade de ressignificar, de juntar forças, ferramentas e recomeçar.

Foi também a realização de um sonho, porque a gente sempre quis fazer um projeto autônomo e a pandemia praticamente obrigou a gente a sentar, a se articular, se organizar e partir para a prática. Em maio lançamos a página no Instagram @taraculinaria e o cardápio. Hoje produzimos refeições, lanches e petiscos. Muitos clientes vêm nos acompanhando desde maio, e estamos crescendo devagar.

Cada pedido que recebemos é uma festa, um motivo para comemoração, um frio na barriga. Está sendo uma alegria receber o reconhecimento das pessoas, os clientes que voltam e indicam outros.

Dos maiores ganhos, o principal é a autonomia. Tem um estigma de que para ter um negócio é preciso ter muito dinheiro, então a gente se preocupa muito com essas questões, o que acaba nos paralisando e nos impedindo de pensar mais no trabalho em si.

Em termos financeiros, o que ganhamos hoje é bem próximo do que ganhávamos antes, em nossos empregos formais. Mas sob uma perspectiva integral, nossos lucros são imensuráveis. Vamos manter a Tara após a pandemia, nossa meta é que esse empreendimento seja nosso foco daqui por diante.

Na minha opinião, o principal ensinamento que a pandemia traz para as famílias empreendedoras – e para a nossa, em especial – é o empoderamento: conseguir enfim acreditar no próprio potencial, equilibrar o trabalho de cada um, se unir. Não é fácil trabalhar em casa, com a família, no meio de uma pandemia, ser um pequeno produtor autônomo, começar do zero.

Aprendemos a confiar no nosso próprio trabalho e na nossa força, sabendo que é um caminho longo, que exige muita paciência, mas que é possível, que não é difícil quanto a gente imagina que é. Com a Tara, nossa família conseguiu realizar um sonho, Estamos enfrentando os desafios juntos, com calma, paciência, respeito e cooperação, sem abrir mão de nossos desejos individuais.”

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