Panderolê: música se aprende por meio da conexão

Panderolê: música se aprende por meio da conexão

Por: Marcia Belmiro | Transformo Gerações | 15 de fevereiro de 2020

Soltar o corpo, respirar profundamente, bater as mãos e os pés no ritmo de uma música – ora suave, ora agitada. Poderia ser uma brincadeira de criança, mas foi a vivência musical conduzida por Nadja Lopes e Anderson Nigro, do Panderolê, produzida especialmente para o público do Transformo Gerações.

Nadja, educadora musical formada pela UnB, faz um trabalho de musicalização infantil desde 2013 em Brasília, onde mora. Em 2018 ela ministrou uma oficina no Transformo Gerações. O sucesso foi tanto que o Panderolê esteve novamente no TG de 2019. E adivinha? Na edição de 2020 Nadja e Anderson estarão lá novamente.

Depois dessa vivência marcante no ano passado, Nadja esteve no palco do TG falando sobre a teoria por trás do Panderolê. Confira a seguir os melhores momentos dessa apresentação:

“Sou educadora musical e trabalhava como cantora lírica, até que fui estudar a Music Learning Theory (MLT), criada pelo norte-americano Edwin Gordon. Essa teoria entende a música como uma linguagem, o que torna a experiência musical mais acessível para pessoas de todas as idades, especialmente na infância. Escolhi atuar na musicalização para a primeira infância, e hoje o Panderolê é a única escola especializada em MLT no Brasil. É um raciocínio completamente diferente sobre como se pode aprender música, e trazer esse conhecimento à tona me toca de maneiras muito transformadoras, é verdadeiramente minha missão de vida.”

“Por que a primeira infância? Porque nela se aprende música de maneiras inteiramente diferentes em relação às demais fases da vida. De 0 a 7 anos a aptidão musical está em desenvolvimento. Para alcançar a plena potência musical com a qual o indivíduo nasce, é preciso ser exposto à música. Aos 7 anos, essa aptidão musical é estabilizada, e daí em diante se comporta mais ou menos como nos adultos. Claro que vamos aprender música ao longo de toda a vida, mas essa ‘janela’ de possibilidades, como os estudiosos chamam, terá passado.”

“Como propiciar o aprendizado musical na primeira infância? Se uma criança não tiver um adulto conversando com ela individualmente, dificilmente vai aprender a falar. Isso ocorre porque o aprendizado infantil é afetivo. O mesmo acontece no aprendizado musical. Entendemos que isso acontece ao cantar para as nossas crianças enquanto elas ainda nem sabem falar, dançar com elas no colo, com músicas e brincadeiras musicais em família, e que essas brincadeiras façam parte da história de vida das nossas crianças. E, se possível, que elas façam aula de música em família.”

“As crianças precisam ser cuidadas, estimuladas, apreciadas e amadas para que consigam se desenvolver. No aprendizado musical não é diferente. Por muitos séculos, a música foi considerada questão de talento, pessoas foram classificadas em conservatórios e salas fechadas como não musicais. Falharam em provas, recitais e espetáculos porque foram expostas a contextos aos quais ainda não estavam prontas para desfrutar. Muitas vezes o contato com a música foi traumático e curto, por conta de abordagens que não incluíam todas as fases de um processo de educação e maturação da linguagem musical.”

“Antes de tocar qualquer instrumento, precisamos executar a música dentro de nós mesmos. Com a voz e o corpo podemos, de fato, sentir a música. Tocar um instrumento tem pré-requisitos. É como se fosse uma máquina de escrever, não podemos dar um equipamento desses a alguém que não é alfabetizado. Nesse caso é um alfabetizar sonoro, é uma comunicação verbal musical (não estou falando de ler nem escrever música, que é outra coisa).”

“O cérebro só capta uma linguagem por vez. Então é interessante trabalhar músicas sem letra com as crianças. Assim elas percebem melhor a melodia. Como a criança escuta português 24 horas por dia, é mais aculturada nessa linguagem que na linguagem musical, então se estiver ouvindo as duas vai priorizar perceber a linguagem português em detrimento da linguagem musical.”

Nadja Lopes e Anderson Nigro provocaram uma transformação muito grande no público que esteve nas edições do Transformo Gerações de 2018 e 2019. Este ano o Panderolê traz a bagagem de sua experiência com musicalização infantil, e promete novidades que vão surpreender e encantar a todos. Não perca a oportunidade de viver essa oficina tão especial.

Acesse aqui para se inscrever no TG: https://transformogeracoes.com.br/

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