Por: Marcia Belmiro | Crianças | 28 de fevereiro de 2020
Não, não é só na sua casa. Quem tem mais de um filho sabe: irmãos brigam. Diante dessa situação, muitos pais pensam: “Tivemos o segundo filho para dar um companheiro ao primeiro. E agora, eles vão brigar a vida toda?”
Bem, vamos por partes. Em primeiro lugar, em qualquer relação profunda – e a relação entre irmãos é das mais profundas que existem – há discordâncias, desavenças, sentimentos ditos “negativos”, como raiva, decepção, frustração, ciúmes (e aqui usamos entre aspas porque não existem sentimentos positivos ou negativos, permitidos ou proibidos: sentimentos existem, e é nossa responsabilidade lidar com eles, mas não calá-los ou escondê-los).
O segundo ponto a ser considerado é: cada indivíduo é único – isso vale até para irmãos gêmeos idênticos. Assim, não é porque um filho começou a andar aos 10 meses que o outro vai fazer o mesmo. E isso se aplica a tudo: alimentação, comportamento, desempenho na escola etc.
A partir daí, o que os pais podem fazer para estimular um relacionamento de harmonia e respeito entre os irmãos (sabendo que as brigas provavelmente vão continuar a existir – inclusive na vida adulta –, e que isso por si só não indica que exista algum problema na relação)?
Confira aqui nossas orientações:
Não tome partido. Quando as crianças estiverem brigando entre si, controle o impulso de se transformar em juiz, ouvindo as queixas e decretando culpados e inocentes. “Em vez disso, empodere seus filhos, dizendo algo como: sei que essa é uma situação difícil, mas tenho certeza de que vocês são capazes de resolvê-la conversando”, sugere Marcia Belmiro. “Caso perceba que alguém pode se machucar, não se omita. Lembre que a regra da família é não bater em ninguém, e assim que os ânimos estiverem mais calmos deixe que os irmãos decidam como resolver a questão”, esclarece.
Não rotule. Os rótulos, inclusive os “positivos” (boazinha, estudioso, obediente), são prejudiciais. Na relação entre irmãos, quando há o “bagunceiro” e o “calminho”, o “esperto” e o “bobinho”, o “provocador” e a “vítima” – ou seja, a dicotomia marcada, indicando claramente qual filho está de acordo com a expectativa dos pais e qual não está, a disputa entre os irmãos provavelmente vai se acirrar, com prejuízos para toda a família.
Não incentive a competição. Frases como “seu irmão já acabou de comer, você ainda está na metade do prato”, “sua irmã chegou em casa e foi direto fazer o dever de casa, você nem começou o seu” mandam para as crianças a mensagem de que é preciso superar o irmão a cada dia, em todas as esferas da vida. Em vez disso, valorize os comportamentos positivos de cada filho, usando como balizador apenas as características dele próprio (de preferência sem usar o nome do irmão). Ex.: “vi em seu boletim que você se superou em matemática neste bimestre, deve estar orgulhoso de si mesmo” (em vez de “sua nota em matemática aumentou, daqui a pouco vai alcançar sua irmã”). Isso também vale para jogos ou atividades diárias (é mais eficaz dizer “vamos todos chegar bem rápido ao elevador para irmos visitar a vovó” no lugar de “quero ver quem chega mais rápido ao elevador”).