Brinquedo quebrado: consertar ou comprar um novo?

Brinquedo quebrado: consertar ou comprar um novo?

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 13 de janeiro de 2020

Vivemos numa sociedade em que tudo é descartável. Isso inclui objetos de todo tipo, e até as relações humanas. Nessa obsolescência programada generalizada, há uma valorização intensa daquilo que é novo, da importância de comprar o último modelo, o mais caro, o exclusivo.

No mundo adulto, quando um celular é lançado no mercado, há uma espécie de frisson entre os consumidores, que logo aposentam o modelo antigo e correm para fazer fila na loja e adquirir logo a novidade. Quando algum eletrodoméstico quebra, geralmente vai para o lixo e compra-se um novo.

Quando uma criança vê essas situações a sua volta, entende que o mesmo se dá em seu universo. Que caso um brinquedo quebre, ele certamente será substituído por outro – de preferência mais novo e mais moderno que o anterior.

Os pais, por sua vez, não conseguem convencer os filhos de que é possível consertar o brinquedo estragado, e se perguntam como fazer para mostrar aos pequenos o valor das coisas.

“Em primeiro lugar, é importante ensinar a não destruir os brinquedos, explicar que é preciso cuidar deles para que durem e possam ser usados em muitas brincadeiras. Essa é uma forma de ensinar valores aos filhos, e valores só podem ser assimilados pelas crianças por meio do exemplo. Ou seja, se os pais compram mais coisas do que precisam, provavelmente os pequenos vão agir com a mesma mentalidade”, analisa Marcia Belmiro.

Pequenos cientistas

Pode acontecer também de a criança ser cuidadosa com seus brinquedos, mas estragar um deles por tê-lo desmontado para ver como funciona e não ter conseguido montá-lo de novo. Os pequenos têm essa curiosidade natural, esse espírito de investigadores e desbravadores do próprio mundo.

Nesse caso, explique a seu filho o que pode acontecer ao abrir um brinquedo para vê-lo por dentro, e estimule a habilidade de montar e desmontar oferecendo objetos que podem servir a esse fim (como um radiorrelógio sem uso, por exemplo). Ou até compre brinquedos próprios para isso, como carrinhos que vêm com porcas e parafusos grandes, e uma chave de fenda de plástico.

Quebrou, e agora?

O que fazer caso a criança, apesar de ter sido alertada, use o brinquedo indevidamente e o estrague? Não é aconselhável castigá-la nem puni-la – ela provavelmente não aprenderá a ter mais cuidado se for mandada para o “cantinho do pensamento” ou se perder o direito de assistir à televisão. No entanto, é aconselhável que vivencie a consequência natural de seu ato – ou seja, simplesmente ficar sem o brinquedo quebrado.

Nesse caso, é possível tentar consertá-lo, mas evite cair na tentação de comprar um novo só para satisfazer a vontade do pequeno. Explique a ele que este não é o momento de ganhar brinquedos, mas que se ele desejar pode pedir um novo quando chegar seu aniversário ou o Natal, por exemplo.

Não foi possível consertar? Que tal estimular a criatividade da criança, mostrando que um objeto teoricamente quebrado pode ser reinventado e usado para outro fim? Assim, ela aprende que nada se perde, tudo se transforma.

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