Por: Marcia Belmiro | Educação | 29 de janeiro de 2020
Você já deve ter presenciado esta situação: o aluno faz a prova e sai reclamando que estudou muito, mas não foi bem. A partir daí, é comum que haja uma “queda de braço” para definir de quem é a culpa: do professor, que fez uma prova muito difícil, ou do aluno, que não se dedicou o suficiente?
Em geral, o que acontece é que os alunos estudam errado. Isso mesmo. A forma tradicional de estudo é totalmente passiva, o que a torna pouco eficiente. Ou seja, o estudante assiste à aula expositiva, depois lê o livro ou a apostila. Às vezes, com a intenção de fixar melhor o conteúdo, produz um resumo, que na verdade é apenas uma cópia das palavras do livro. No fim das contas, essa criança ou adolescente gastou muito tempo, mas reteve apenas uma pequena fração da matéria.
Pesquisadores como o psiquiatra William Glasser e o educador Edgar Dale estudaram essa questão, e criaram sistemas parecidos, em forma de cone ou pirâmide de aprendizagem, para explicar como o estudo ativo é mais eficiente que o passivo. Apesar de haver divergências entre os resultados de ambos e em relação aos estudos mais atuais, a ideia básica é que o aprendizado é menor quando lemos, ouvimos ou observamos algo, e aumenta significativamente quando discutimos o conteúdo ou o ensinamos a outras pessoas.
O estudo ativo não é só mais eficaz, também gasta menos tempo. Ao privilegiá-lo, o aluno bota em prática o que aprendeu em sala, ativando outras áreas da mente e enviando uma mensagem ao cérebro de que aquele assunto deve ser armazenado na memória de longa duração, responsável por guardar o que consideramos importante.
Confira nossas orientações para um estudo mais eficiente:
1) Após a aula expositiva, separe a turma em grupos pequenos para discutirem o tema. Ter perguntas específicas para cada grupo responder direciona melhor a atividade. Depois, cada grupo vai contar suas conclusões para os demais. Isso ajuda a fazer correlações entre os conteúdos novos e aqueles já aprendidos.
2) Estimule os alunos a gravarem áudios (curtos, com cerca de um minuto) explicando determinado assunto para si mesmos. Assim, eles terão um arquivo resumido e organizado de cada conteúdo, o que vai facilitar quando tiverem que retomar esses temas futuramente.
3) Em classes de crianças, deixe claro para os pais que a tarefa de casa é para ser resolvida pelos alunos. Se os pais dão as respostas, os filhos continuarão sem saber o conteúdo e, pior, o professor não terá noção disso. Uma das funções do dever de casa é trazer dúvidas para a aula seguinte, o que vai mostrar ao professor quais pontos devem ser mais debatidos.
4) Oriente os alunos a darem preferência, em casa, a fazer os exercícios, em vez de ler tudo o que já foi falado pelo professor em sala. É comum os estudantes deixarem os exercícios para o fim, para quando dá tempo, mas na realidade eles devem ser a prioridade do estudo.
5) Ensine os alunos a retomar o mesmo conteúdo a intervalos regulares, pois isso comprovadamente ajuda na fixação, construindo conhecimento de verdade em vez de só memorizar a matéria para passar na prova.