Por: Marcia Belmiro | Crianças | 21 de agosto de 2020
A importância das habilidades interpessoais é cada vez maior, e não só no universo profissional. A ciência já descobriu que quanto antes ensinamos as crianças sobre trabalho em equipe, mais natural vai ser para elas estarem em sociedade ao longo da vida. Na BNCC, por exemplo, consta o item Empatia e Cooperação, diretamente relacionado ao desenvolvimento psicossocial do indivíduo. No entanto, às vezes a expectativa de pais e professores excede as possibilidades da criança.
“Até os 5 anos, os pequenos estão muito focados em seu mundo próprio, e é comum, por exemplo, que duas crianças brinquem lado a lado, cada qual em sua brincadeira. A partir dessa idade surge o senso de equipe, mais ainda é rudimentar. Nessa fase, as crianças começam a entender o sentido de limites externos e respeito ao próximo. A partir dos 6-7 anos é esperado que haja, de fato, uma noção paulatinamente crescente de grupo no convívio entre as crianças, que pode receber estímulo externo de professores e pais”, analisa Marcia Belmiro.
Não se pode esquecer que uma das formas mais eficazes de ensinar qualquer coisa a uma criança é pela vivência, inclusive sobre o trabalho em equipe. Se, por exemplo, o professor reclama constantemente do diretor ou do professor de educação física para a turma, as crianças vão apreender que a equipe da escola não funciona bem.
Trabalhos em grupo
No ensino fundamental já é possível promover o senso de equipe por meio de brincadeiras, dinâmicas, atividades estruturadas e trabalhos em grupo. Mas levando em conta que o neocórtex das crianças – responsável pela noção de causa e consequência, de análise, planejamento e demais funções executivas superiores – ainda está se desenvolvendo, é necessário que haja uma condução de perto do professor.
Por exemplo, em um trabalho em grupo, é recomendável que o educador defina etapas e pequenas metas, detalhando um passo a passo do que se espera que as crianças façam, o que vai ajudar a estruturar o raciocínio dos alunos.
O professor também pode estabelecer o que é preciso que as crianças entreguem na conclusão do projeto (um cartaz, uma maquete, uma apresentação oral), e definir questões a serem respondidas ao fim do processo.
O aprendizado que vem da dificuldade
No trajeto do trabalho, é comum que apareçam incompatibilidades, disputas e até brigas entre as crianças. Nesse ponto o acompanhamento do professor é fundamental, para que haja uma reflexão, e a experiência sirva de aprendizado a todos.
Por outro lado, também vale a pena estimular o protagonismo das crianças, por exemplo dando a elas a oportunidade de decidirem o tema a ser estudado. Isso aumenta muito o engajamento da turma e promove resultados mais efetivos.
Entre as habilidades desenvolvidas ao se trabalhar o senso de equipe estão:
– Integração social, especialmente importante para os alunos mais tímidos.
– Tolerância, aprendendo a conviver com pontos de vista diferentes.
– Liderança, com o incentivo à tomada de decisões.
– Criatividade, ao precisarem encontrar a solução dos problemas.
– Colaboração, desenvolvendo a escuta ativa e a empatia.