Coronavírus: Qual o papel do professor em meio à crise?
Por: Marcia Belmiro | Educação | 17 de abril de 2020
A Unesco divulgou um comunicado informando que 1,37 bilhões de estudantes estão em casa – ou seja, quase 80% da população estudantil do mundo – por conta da pandemia de coronavírus (dados de 24 de março).
Para esse grupo de realidades tão heterogêneas – afinal, estamos falando tanto de colégios de elite do Vale do Silício quanto de instituições de estrutura precária na periferia de Bangladesh –, os recursos e as necessidades são completamente distintas.
Mas, no fundo, o objetivo é um só: dar continuidade ao processo de educação dessas crianças e adolescentes, sem descuidar de seu desenvolvimento socioemocional – que na situação atual ganhou ainda mais importância.
A revolução é agora
Os professores e gestores escolares, assim como todos os profissionais, foram pegos de surpresa por uma pandemia que vem se mostrando mais transmissível e letal do que as previsões iniciais, e estão tendo de “trocar o pneu com o carro em movimento”, ou seja, se reinventar totalmente em meio ao ano letivo.
Além de transmitir a distância os conteúdos obrigatórios determinados pelos órgãos de educação, sentem a necessidade de colaborar para fortalecer a segurança, autonomia e a autorresponsabilidade dos alunos neste momento de ansiedade geral, em que o contato presencial e a socialização são praticamente nulos.
De que forma os professores podem ser esse ponto de suporte e desenvolvimento de habilidades – não só acadêmicas? Com a palavra, a pedagoga e KidCoach Paula Camilo:
“O papel do professor hoje é de um grande mediador. Ele precisa dar continuidade ao conteúdo programático para as crianças que estão em casa, mesmo com dificuldades, como a falta de recursos tecnológicos (suas e dos alunos).
Para dar conta dessa tarefa com êxito dadas as condições adversas, as aulas on-line devem acontecer de uma forma mais lúdica, dinâmica e acolhedora – especialmente no caso das crianças, que não têm ainda desenvoltura cognitiva para se manter focadas diante de uma tela durante muito tempo.
Quando o estudante não se sente estimulado pelas aulas on-line, demanda mais dos pais, que ficam irritadiços – posto que já têm que cumprir com as obrigações da casa, muitas vezes ainda conciliando com home office. Lembrando que os pais, de modo geral, também não foram preparados para lidar com essa situação e o acúmulo ainda maior de funções.
Para poder exercer esse papel de mediador, ajuda muito se o professor puder ter também um suporte. Hoje esse suporte vem sendo dado por KidCoaches que, virtualmente, estão se reunindo com professores para aplicar ferramentas do Método CoRE KidCoaching.
Depois que esses encontros tiveram início, estes professores estão relatando melhores resultados com seus alunos por meio de aulas mais atrativas, sempre baseadas em regras e combinados definidos em conjunto com as crianças. E inclusive relatam que as famílias perguntam o que eles estão fazendo de diferente para conquistar um engajamento maior dos alunos no momento mais improvável para isso.
Por sua vez, esses professores estão também trabalhando com os pais, que estão aprendendo a fazer regras e combinados em casa. Dessa forma, pais e professores – em conjunto – estão desenvolvendo autorresponsabilidade nos jovens, apesar do contexto desafiador.
O professor bem preparado para as questões atuais consegue auxiliar os alunos a desenvolver não só os conteúdos programados, mas também as habilidades socioemocionais, que são ainda mais relevantes agora. Tenho dito sempre que conteúdos eles vão ter oportunidade de aprender por toda a vida, mas neste momento necessitam de verdade dessas outras ferramentas, e é nisso que nós, como KidCoaches, acreditamos.”