É possível uma escola prosperar na pandemia?

É possível uma escola prosperar na pandemia?

Por: Marcia Belmiro | Carreira | 04 de novembro de 2020

Mais de sete meses depois do fechamento das escolas em todo o país por conta da pandemia do coronavírus, o saldo na rede particular é desolador: inadimplência, famílias cancelando a matrícula dos filhos, professores sendo demitidos, instituições fechando.

No entanto, contrariando todos os prognósticos, alguns colégios fizeram uma verdadeira virada. Apostando na valorização da parceria entre família e escola e no acolhimento a crianças, pais e professores, alguns gestores terminam o ano de 2020 com sabor de vitória.

É o caso de Tereza Cristina Loureiro, psicóloga e gestora da instituição Jardim Escola Bonequinho Doce e Centro Educacional Santa Thereza (São João de Meriti – RJ). Confira o depoimento de Cristina:

Confesso que no primeiro momento foi desesperador. Mas a escola não podia parar. Respirei e pensei: Calma, você é uma KidCoach e tem uma equipe bem preparada, com formações continuadas e a aplicação de ferramentas oferecidas pelo ICIJ (Instituto de Crescimento Infantojuvenil) e pela supervisão escolar do IPC (Instituto Paula Camilo). Comecei a pensar estratégias para que o ensino continuasse com a excelência que sempre tivemos. Como trabalhei! Noites acordada, o WhatsApp não parava, foi difícil!

Fizemos reuniões on-line para treinar os professores nas ferramentas digitais, mas principalmente nos empenhamos no acolhimento e na valorização desses educadores. Nunca o professor precisou tanto de afetividade e autoconfiança. Com todo o trabalho realizado com o Método CoRE KidCoaching, minha equipe se fortaleceu e descobriu novas habilidades, tornando-se mais unida. Em relação aos alunos, era importante trabalhar o cognitivo, dando o conteúdo programado, mas no momento o socioemocional era primordial para o processo educativo.

Demos apoio individual às famílias, orientando e envolvendo os pais a explorar a autonomia e o protagonismo dos seus filhos. Com toda essa parceria, algo extraordinário aconteceu: oferecemos desconto para os alunos, mas fomos surpreendidos com cerca de 30% das famílias que recusaram nossa oferta e continuaram pagando a mensalidade integralmente, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia. Recebemos lindas mensagens dos pais, que nos fortaleceram como profissionais.

Para completar nossa alegria, a escola não perdeu nem um aluno, e novos candidatos já demonstraram interesse em se matricular em 2021 (antes mesmo do início das inscrições). Acredito até que vai ser necessário contratar mais professores para o próximo ano letivo.”

Bruna Cassaro, professora, KidCoach, TeenCoach, diretora pedagógica e institucional do Instituto Paula Camilo conta que o caso de Cristina não é isolado (felizmente!). Assim como ela, muitos gestores conseguiram fazer deliciosas limonadas dos tantos limões que receberam em 2020:

A carga horária normal no ensino fundamental é de quatro horas/dia, é muito conteúdo. Como os alunos não conseguem ficam tantas horas por dia na frente do computador, os professores tiveram que condensar tudo em só uma ou duas horas de aula por dia – a maioria deles sem qualquer experiência prévia no ensino virtual.

Com isso, o professor teve que se reinventar. Não só em relação a conhecer sobre aplicativos, aprender sobre tecnologia, mas no sentido de criar uma aula menos expositiva e mais interativa, que é algo que de alguma forma se sustenta no presencial, mas no on-line é impossível. E eu acho que isso gerou um ganho muito grande não só para os alunos, mas também para os professores. Acredito realmente que quando as aulas presenciais voltarem, esses aprendizados não serão deixados de lado, os professores perceberam isso claramente.

Muitas escolas tiveram inadimplência, queda no número de matrículas, mas algumas estão conseguindo se adaptar às novas condições. Aquelas que não conseguiram se adaptar estão com problemas sérios: instituições fechando ou em risco de fechar, professores desempregados. Por outro lado muitos gestores foram buscar ajuda, procuraram se desenvolver e conseguiram se reerguer, achar novas soluções, se conectar com os pais, dar a volta por cima. Essas escolas conseguiram manter o mesmo patamar financeiro do ano passado e algumas até melhoraram nesse quesito.

Uma das coisas que a gente sempre falou em educação, mas que agora é primordial, é a importância da relação entre família e escola. A escola que está verdadeiramente conectada ao aluno e a seus pais, ouvindo e trabalhando junto, em equipe, com certeza vai obter resultados positivos, qualquer que seja a situação externa.

Temos tido muitos cases de sucesso: de professores mais engajados e motivados, pais mais presentes, alunos mais participativos, e isso se reflete financeiramente na instituição. Acredito verdadeiramente que sim, há possibilidade de fazer diferente, mesmo com todos os desafios.”

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