Por: Marcia Belmiro | Crianças | 06 de março de 2020
De acordo com o IBGE, 11,6 milhões de mães criam os filhos sem pai no Brasil. Entre as famílias comandadas por mulheres, 56,9% vivem abaixo da linha da pobreza, e cerca de 5,5 milhões de crianças não têm o nome do pai no registro de nascimento.
Mas isso ainda é visto como normal em nossa sociedade: a paternidade (de um filho que já nasceu) é encarada como uma escolha. A prova é o termo “pãe”, que designa a “mãe que também é pai”, como se isso fosse possível. Essa palavra é muito usada para romantizar a sobrecarga materna, deixando claro por meio da linguagem que, em caso de abandono do pai, a mãe “naturalmente” vai se desdobrar e ocupar o espaço deixado pelo homem.
No entanto, ainda não foi inventado o título de ex-pai. A partir do momento em que nasce uma criança, o papel do progenitor é eterno e insubstituível, independentemente de ter desejado esse bebê ou não.
Claro que a situação de um ex-casal criar um filho não é fácil, mas cabe aos pais fazer o possível para que seja conduzida com respeito – especialmente por causa da criança, que é quem potencialmente mais sofre quando um dos cuidadores principais decide abdicar de sua responsabilidade como tal, trazendo danos indeléveis para a vida do pequeno.
Afinal, o que é papel de pai?
Tradicionalmente as funções paternas se limitam a prover a prole financeiramente, participar das brincadeiras e dar broncas quando necessário. No entanto, no mundo atual, de busca por uma sociedade mais igualitária, o papel de pai passou a englobar o cuidado com a saúde, alimentação, higiene e limpeza, a educação e o desenvolvimento geral deste ser humano.
Inclui ainda saber quando é preciso comprar roupa e sapatos, providenciar uniforme e material escolar, ir às reuniões de pais, saber dos talentos e dificuldades do filho e auxiliá-lo nos desafios que a vida trará – do medo do escuro à postura profissional, quando chegar a hora.
Apesar do cansaço e da preocupação inerentes a esta condição, a paternidade pode ser fonte de muito aprendizado, desenvolvimento e amadurecimento. E claro, do maior amor do mundo, que é o amor dos filhos pelos pais.
Quando essa relação não é estabelecida em bases sólidas na infância, dificilmente se estabelece depois, na vida adulta. E os pais que se dão o direito de usufruir do seu papel com inteireza, mergulhando de cabeça nessa relação, inevitavelmente vão descobrir como ela pode ser maravilhosa e transformadora.