Folclore em sala de aula

Folclore em sala de aula

Por: Marcia Belmiro | Crianças | 21 de janeiro de 2020

No Brasil, o folclore ainda é aquele assunto obrigatório na agenda das escolas no mês de agosto, quando se comemora seu dia. Mas o que é folclore e o que ele pode ensinar aos alunos? O folclore é intimamente ligado aos saberes tradicionais, fundamentais para a formação da identidade cultural de um povo. Além disso, os elementos de fantasia auxiliam as crianças no processo de elaboração mental de conteúdos importantes, por meio do estímulo lúdico à imaginação e à criatividade.
De acordo com o Dicionário Michaelis, folclore é o conjunto de “costumes tradicionais, crenças, superstições, cantos, festas, indumentárias, lendas, artes etc., conservados no seio de um povo; cultura popular, populário”.

Levando em conta esse conceito, podemos afirmar que a cultura popular é uma forma de folclore. E o que é cultura popular? Toda manifestação artística produzida no passado e também hoje em dia, em todo o país. Ampliando essa noção – que tradicionalmente é restrita a lendas e cantigas de roda –, fica mais fácil ultrapassar a barreira de aparente desinteresse da geração Z e abordar o folclore como algo que faz parte da vida de todos nós.

Confira aqui algumas orientações para abordar o folclore em sala de aula:

– Não concentrar as atividades relacionadas ao folclore apenas em agosto, mas tornar o tema uma constante ao longo do ano todo, nas mais variadas disciplinas.

– Dar início ao projeto pesquisando as manifestações culturais da região em que a escola se encontra, aquelas que estão presentes no dia a dia das crianças. Isso vai aproximar os alunos do tema. Depois que isso estiver sedimentado, é possível abordar o folclore de outras regiões, falando de tradições, lendas etc.

– Fazer uma abordagem interdisciplinar que priorize a construção de conhecimento conjunto. Ex.: Se na escola há aula de capoeira, é possível falar sobre como ela surgiu, abordando o período da escravidão e suas consequências em nosso país até hoje. Assim, o folclore amplia sua atuação para além da aula de artes, sendo possível trabalhar o assunto em história e educação física.

– Importante: ao pesquisar textos tradicionais, leve em conta a época atual e faça uma análise crítica dos conteúdos trabalhados em sala. Por exemplo: Monteiro Lobato foi um grande pesquisador do folclore brasileiro e um dos maiores autores que temos, mas hoje é patente que seus textos eram carregados de racismo. Ao fazer uma leitura de seus livros, será interessante falar sobre essa questão, que cada vez mais está presente entre as crianças (ex.: os insultos, em tom de piada, que a boneca Emília dirigia com frequência a Tia Nastácia).

– Obs.: Respeito é bom e todos gostam. Se o assunto é saci-pererê, não há necessidade de pintar as crianças brancas de tinta preta, no (pior) estilo blackface.

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