Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 25 de fevereiro de 2020
Quando um casamento acaba e há filhos envolvidos, em geral a guarda é concedida à mãe. No entanto, nos últimos tempos cada vez mais as crianças e os adolescentes são ouvidos pelo juiz, e em alguns casos eles escolhem morar com o pai. Nessa situação, o que fazer?
Em primeiro lugar, é preciso entender a motivação do jovem. Se ele argumenta que tem uma relação melhor com o pai, ou que este tem um horário de trabalho mais flexível, podendo participar mais da vida do filho, pode ser uma boa ideia fazer uma experiência nesse arranjo.
É importante ressaltar que não morar com o filho não é necessariamente uma ameaça à relação de vocês. É possível até que sem o desgaste natural provocado pela rotina aconteça uma mudança – para melhor – nessa convivência (que deve continuar existindo, independentemente dos endereços diferentes), diminuindo as brigas e cobranças diárias.
Sofrimento primário x sofrimento secundário
“Mesmo que a decisão de seu filho gere dor em você, pense que existe o fato, e tudo que está além disso são os significados que damos ao fato. O sofrimento primário de não ter a guarda está lá, mas este sentimento será mais fácil de ‘carregar’ se estiver sozinho. Se adicionamos a ele sofrimentos secundários (em forma de pensamentos como ‘meu filho não me ama’, ‘serei julgada como uma mãe ruim’ etc.), vai acontecer um ‘empilhamento’ de dores, e essa carga só vai ficar mais pesada emocionalmente falando”, analisa Sabrina Oliveira.
Nesse tipo de situação, o ideal é evitar se colocar como vítima. Em vez disso, é mais produtivo assumir a responsabilidade de pensar em como fazer essa mudança acontecer da melhor forma possível para todos os envolvidos.
Com maturidade, sem revanchismo
Forçar o filho a mudar de opinião também não é boa ideia, assim como reagir com ameaças ou barganhas, oferecendo recompensas ou prometendo castigos, numa atitude revanchista. Tampouco se pode deixar de cumprir com os deveres (financeiros e afetivos) que a parentalidade impõe.
É possível, sim, que haja julgamentos por parte da sociedade e até da família, mas definitivamente deixar um filho com o próprio pai não deveria ser motivo de crítica. Afinal, o homem é tão responsável e capaz quanto a mulher de criar sua prole. Além do mais, já parou para pensar que ninguém julga um pai que não mora com os filhos? Por que a situação contrária seria um caso de abandono?
Por outro lado, essa pode ser uma oportunidade de se desenvolver emocionalmente, profissionalmente e academicamente – seja aceitando um desafio no trabalho, voltando a estudar ou retomando um hobby esquecido, para se tornar um ser humano e uma mãe cada vez melhor e mais realizada.