Você é frágil, antifrágil, resiliente ou nenhum deles?
Por: Marcia Belmiro | Carreira | 27 de maio de 2021
Em momentos de crise como o que vivemos hoje proliferam as mais variadas receitas para sair de situações adversas. O método queridinho do momento foi criado pelo professor de engenharia de riscos da Universidade de Nova York Nassim Nicholas Taleb, e atende pelo nome de “antifrágil” – nome do mais famoso livro deste pesquisador.
A publicação, cujo subtítulo é “coisas que se beneficiam com o caos”, teve – coincidência ou não – nova edição em 2020, ano da crise do coronavírus. Para o autor, não basta ser resiliente, tampouco resistente, é preciso ir além.
Para ele, as dificuldades não devem ser temidas, mas ao contrário, perseguidas, pois são elas que fortalecem o indivíduo. Taleb usa o conceito de resiliência da física, de corpos que voltam ao normal após sofrerem um impacto, e o refuta (embora o sentido de resiliência mais comumente usado não seja esse).
Marcia Belmiro questiona o nome “antifrágil”, propondo uma reflexão: “Por que precisamos negar nossa fragilidade inerente? Somos frágeis sim, na mesma medida que somos fortes.”
“No estudo do comportamento humano as crises geram marcas, cicatrizes emocionais, o que chamamos na psicologia de engramas (traços permanentes deixados na psique por tudo que tenha sido experimentado psiquicamente). Dependendo do tamanho do ‘tombo’, é impossível continuar sendo a mesma pessoa de antes. Usando essa analogia do tombo, podemos dizer que o machucado sara, mas a marca fica para o resto da vida”, analisa Marcia Belmiro.
“O engrama pode ser como uma queloide, que incomoda o tempo todo e dói mais no frio – ou seja, quando experimentamos situações parecidas, ou quando entramos em contato com a pessoa que anteriormente nos magoou. Mas não é preciso ficarmos ‘colecionando’ dores até o ponto de explodir (ter uma reação impensada que vai prejudicá-lo) ou implodir (guardar a mágoa até que se transforme uma doença, o que é igualmente prejudicial). A sabedoria está em ter consciência de suas dores e fazer esse enfrentamento difícil, porém necessário”, observa Marcia.