Por: Marcia Belmiro | Crianças | 09 de agosto de 2020
O conceito de paternidade está em transformação. O modelo de outrora, de pai provedor e recreador de fim de semana, praticamente sem participação no dia a dia dos filhos, não cabe mais na sociedade atual. Diante da urgência frente a tudo que estamos vivendo, os pais sentem que é preciso mudar, mas como? Qual o novo modelo a seguir?
“A partir da década de 1970, quando a mulher conquista seu lugar no mercado de trabalho, há uma desorientação psíquica em toda a família. Qual será a função do homem agora? Ainda hoje as pessoas ficam esperando que surja um novo padrão, mas ele não emerge espontaneamente, então elas continuam a usar o velho padrão apenas com nova roupagem. Na verdade, o que vai acontecer a partir de agora é que cada família vai criar seu próprio padrão, até porque não existe mais a ‘família-padrão’”, analisa Marcia Belmiro.
Marcia frisa que para que essa mudança necessária aconteça, é preciso que aconteça um deslocamento de todos. “De modo geral, quando nascem os filhos, a mulher se sente impelida a se reinventar, mas grande parte dos homens não acompanha esse movimento. Para gerar um efetivo padrão de educação dentro da realidade contextual da sociedade de hoje e com os filhos de hoje, é necessário romper com os padrões antiquados e revigorar seu pensamento sobre paternidade”, reflete Marcia.
Educação consciente e inclusiva
Luiz Augusto Correia, pai de Vinícius, de 1 ano, concorda com Marcia sobre esse chamado parauma virada de entendimento e percepção do que realmente funciona nos dias de hoje – tanto para o bem-estar da criança quanto para que os pais obtenham bons resultados na criação desses novos filhos –, embora perceba que ainda há uma pressão muito menor sobre os pais, em relação à que recai sobre as mães, para conciliar trabalho, atividades domésticas e o cuidado com os filhos. “Quero que meu filho tenha uma educação consciente e inclusiva, que se desenvolvasabendo olhar para o mundo em sua diversidade, e eu trabalho para isso. Se conseguir estimulá-lo nesse sentido, poderei me considerar um pai ideal”, define.
Lançado este ano, o documentário “Dads” entrevista pais famosos e anônimos de diversas parte do mundo, mostrando possibilidades de como pode ser essa nova paternidade. Entre os depoimentos, se destaca o do comediante norte-americano Patton Oswalt: “Uma grande parte da paternidade ainda é uma narrativa muito antiga do pai que vai para a selva e corta árvores, encontra suprimentos e mata um alce. Mas, na verdade, o filho de hoje só quer você lá.”
O também norte-americano Glen Henry conta que tinha um trabalho do qual não gostava. Um dia, sua esposa sugeriu que ele pedisse demissão para se dedicar aos três filhos em tempo integral. Hoje, Henry produz conteúdo sobre sua experiência como pai pelo Instagram Beleaf In Fatherhood. “Pensei que seria fácil, e definitivamente não foi. Mas hoje sinto que a paternidade me tornou o homem que sou. Meus filhos me ensinaram a ser autêntico e honesto comigo mesmo.”