Devo obrigar meu filho a dizer “por favor” e “obrigado”?
Por: Marcia Belmiro | Crianças | 17 de novembro de 2020
A situação: Você chega em uma reunião na casa de alguém com seu filho. Imediatamente os olhares dos adultos se voltam para o menino, acompanhados de frases como “lembra de mim?”, “nossa, como você cresceu!”, “vem dar um beijinho na titia!”.
A criança, na mesma hora, cola o rosto nas suas pernas, e por um momento você acha que nem vai conseguir entrar na casa, agora que existe um apêndice de mais de 20 quilos impedindo a sua movimentação.
Nessa hora, pode ser muito difícil lidar ao mesmo tempo com as expectativas sociais de uma criança que cumprimenta a todos os adultos desconhecidos ou semiconhecidos com paciência e educação, com a necessidade do filho de sair daquela situação, e ainda atender ao seu próprio desejo de simplesmente chegar em algum evento sem contratempos nem precisar se desculpar pelo comportamento da sua criança.
Nessa situação, o pior que pode acontecer é o adulto cuidador brigar com a criança ou zombar dela na frente dos outros, falando coisas do tipo: “que menino mais mal-educado!”, “perdeu a língua?”.
Com isso não estamos falando que não é necessário cumprimentar as pessoas, dizer “por favor” e “obrigado” – embora não seja isso que vá dar à criança a noção de gratidão ou de pertencimento social. No entanto, não é obrigando seu filho a ser sociável que ele vai perceber a importância de demonstrar essas que são convenções sociais sim, mas também manifestações de gentileza e de reciprocidade nas relações.
Os pais podem abordar esse assunto a sós com a criança, fora da vista alheia. Nessa conversa, o adulto pode mostrar a importância de cumprimentar falando sobre si mesmo: como gosta de ser bem-recebido quando chega em casa do trabalho, ou perguntando o que o filho sente ao ser cumprimentado quando chega à escola todos os dias, ou quando faz uma gentileza a alguém e recebe um “obrigado” de volta.
Como quase tudo, a criança é ensinada principalmente pelo exemplo. Se ela notar que você sempre cumprimenta e agradece às pessoas a seu redor, é mais provável que siga o mesmo padrão.
Aqui, é importante frisar que ter educação não é sinônimo de ter contato físico. Se seu filho não se sente confortável em abraçar ou beijar alguém, deixe-o à vontade. Consentimento é importante e é desde cedo que os pequenos aprendem também essa lição.