A adolescência do futuro

A adolescência do futuro

Por: Marcia Belmiro | Adolescentes | 11 de setembro de 2019

Qualquer pessoa que convive com crianças sabe que esses pequenos indivíduos são mais ágeis e versáteis em termos tecnológicos que qualquer outra geração que veio antes. Em 2010, Eric Schmidt, então CEO do Google, anunciou que a cada dia é gerado no mundo um volume de dados equivalente ao que foi criado do início da civilização até 2003.
Levando em conta os avanços tecnológicos de lá para cá, fica difícil prever como será a adolescência do futuro. Mas baseados em estudos recentes nas áreas de educação e sociologia, temos algumas pistas.

Alpha: mais uma letra no alfabeto das gerações

Os novos adolescentes são integrantes da Geração Alpha (termo cunhado pelo sociólogo australiano Mark McCrindle para caracterizar os nascidos a partir de 2010, ano que a Apple lançou o iPad).
Entre as características comuns a eles podemos citar: famílias nas quais os cuidados com a casa são mais compartilhados entre todos; maior preocupação com o meio ambiente; e relações horizontais, menos hierárquicas. Por outro lado, a tecnologia é um fator limitante da disponibilidade emocional dos pais. Com a redução das interações pessoais causada pela onipresença de amizades virtuais, há uma tendência ao aumento de déficit de atenção e de problemas na comunicação oral.
Outra marca desta geração é a abundância. Todos os indicadores de qualidade de vida melhoraram no mundo, como queda da mortalidade infantil e da desnutrição. “A abundância também é presente em termos de informação. Com ela, cria-se um paradoxo da escolha: quanto mais dados existem, mais difícil fica analisá-los e categorizá-los. Sem curadoria, os adolescentes podem ficar sem foco, ou se deixar levar por fake news”, alerta Flávio Mesquita, cocriador do método Grow Coaching e do programa de formação TeenCoaching.
A escola também precisa mudar para acompanhar os Alpha. “A grande quantidade de estímulos que estas crianças recebem fora da escola faz com que demandem por processos pedagógicos mais adequados, modernos e dinâmicos. Modernizar uma escola não significa equipá-la com máquinas modernas a serviço de uma pedagogia obsoleta”, analisa Tabajara Dias de Andrade, neuropsiquiatra e psicoterapeuta.

Flávio fala ainda sobre a importância da saúde emocional dos futuros jovens. “Quando as necessidades básicas são atendidas, sobra energia para pensar em questões existenciais. Aí os pais e professores são fundamentais, pois podem desde a infância estimular conversas sobre sentimentos e aspirações. Os adolescentes que tiverem um pé no on-line sem deixar de viver off-line terão um diferencial emocionalmente falando. O carinho e o olho no olho nunca serão obsoletos.”

Fontes:
“O que é a geração alfa, a 1ª a ser 100% digital”. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-48438661

“A mudança de comportamento das gerações X, Y, Z e Alfa e suas implicações”. Disponível em: http://www.gradadm.ifsc.usp.br/dados/20162/SLC0631-1/geracoes%20xyz.pdf

“Geração Alpha e o futuro da Educação”. Disponível em: https://tutores.com.br/blog/geracao-alpha-e-o-futuro-da-educacao-2/

“Alpha: A nova geração”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dnwl4zvOfhc

 

 









Matérias Relacionadas

Quais as consequências de educar meninas para serem princesas?
Como o Kids Coaching vê os limites do professor, a doutrinação ideológica e a importância da relação de parceria entre educador e aluno
Professores não estão preparados para as aulas on-line