Como o professor pode abordar a censura em sala de aula?
Por: Marcia Belmiro | Educação | 09 de outubro de 2019
A censura está de volta às manchetes. Depois que o prefeito Marcelo Crivella mandou cobrir com plástico preto livros da Bienal do Rio considerados “impróprios para menores” por terem temática LGBT, professores se veem às voltas com a seguinte questão: O que é censura? Quais são as motivações para essa prática? Como abordar a censura em sala de aula?
Propomos, então, uma dinâmica com filmes que tratam deste assunto, e acreditamos que possam contribuir para uma discussão que vá além do centro da questão, se expandindo para o real significado das ideologias e a importância de uma cultura crítica para a sociedade.
A menina que roubava livros
Estados Unidos/Alemanha, 2013
Durante a Segunda Guerra Mundial, uma época de muitos livros proibidos, a jovem Liesel Meminger (Sophie Nélisse) sobrevive no subúrbio de Munique através dos livros que rouba. Ajudada por seu pai adotivo (Geoffrey Rush), ela aprende a ler e partilhar livros com seus amigos, incluindo um homem judeu (Ben Schnetzer) que vive na clandestinidade em sua casa.
Esta adaptação do romance homônimo de Umberto Eco se passa na Itália, em 1327. William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço, chegam a um remoto mosteiro no norte do território. Como era comum na época, o mosteiro tinha uma enorme biblioteca, mas, para a Igreja, as obras deveriam ficar restritas, censuradas do restante da sociedade. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio.
Saigon, 1965. Adrian Cronauer (Robin Williams) vai para o sudeste da Ásia para trabalhar como DJ na Rádio Saigon, operada pelo governo americano. Em contraste com os tediosos locutores que o precederam, Cronauer é bem dinâmico e inicia sempre as transmissões com um sonoro e vibrante “Bom dia, Vietnã!”, tocando músicas que não tinham sido aprovadas por seus superiores. As piadas que conta durante o programa provocam a indignação de Steven Hauk (Bruno Kirby), seu superior imediato, que tenta sabotá-lo.
– Antes de projetar o filme para a turma, faça um preâmbulo sobre o assunto a ser abordado, de modo a dirigir o olhar dos alunos para o que será discutido em seguida;
– Assista ao filme com os adolescentes, e aproveite o momento para perceber as reações deles à trama;
– Depois do filme, divida a turma em subgrupos e dê a eles temas para discutir, relacionando o momento histórico do filme com o atual; a situação política de então e a de hoje; a cultura do país onde se passa a história e a cultura brasileira.
Sugerimos que o professor não se atenha à questão certo x errado, mas aproveite a oportunidade para ouvir os alunos, suas percepções e insights provocados pelo filme, relacionando-os ao conteúdo abordado na disciplina.
E será esse debate, num exercício de perceber a realidade sob ângulos distintos, que estimulará o senso crítico do adolescente e sua condição de discutir a não existência de um padrão único, mas antes a tolerância à diversidade de ideias e de posicionamentos, o que vai interferir diretamente na sua convivência social por toda a vida.
Fonte de textos e imagens: Divulgação das distribuidoras